quinta-feira, 24 de março de 2011

Essa casa onde você não mora

Por Ma Prem Zaki


Neste instante, esteja você onde estiver, há uma casa com o seu nome. Você é o único proprietário, mas faz tempo que perdeu as chaves. Por isso, fica de fora, só vendo a fachada. Não chega a morar nela. Essa casa, teto que abriga suas mais recônditas e reprimidas lembranças, é o seu corpo.

"Se as paredes ouvissem..." na casa que é o seu corpo, elas ouvem... As paredes, que tudo ouviram e nada esqueceram, são os músculos. Na rigidez, crispação, fraqueza e dores dos músculos das costas, pescoço, diafragma, coração e também do rosto e do sexo, está escrita toda a sua história, do nascimento até hoje.

Sem perceber, desde os primeiros meses de vida, você reagiu a pressões familiares, sociais, morais. Você começou a acreditar que não era o bastante, que não era perfeito ou sequer até existia. Ouviu o tempo inteiro que deveria ser forte e valente, deveria ser assim ou assado, pois a vida é dura, o amor dói, nessa vida só vale quem tem. Você dobrou-se como pôde. Para conformar-se, você se deformou. Seu corpo de verdade – harmonioso, dinâmico e feliz por natureza – foi sendo substituido por um corpo estranho, uma vida estranha, que você aceita com dificuldade, e que no fundo você rejeita, mas não abandona.

“É a vida”, diz você.  Não há outra saída. Para eu ser feliz preciso disto ou daquilo, devo ser assim, as pessoas devem ser assado. O desejo de perfeição consiste nisso: seja qual for a situação, ele nunca o satisfaz, nunca é como deveria ser, há sempre um senão. Você fica sempre idealizando uma vida melhor e melhores possibilidades. O desejo e a insatisfação constantes são a fonte de todas as neuroses. Nós nunca conseguimos estar aqui. Estamos sempre vivendo num futuro que não existe. Nós nunca desfrutamos do momento presente, só o condenamos ou o ignoramos.

Não podemos amar este homem, porque temos uma ideia melhor de homem, porque este não é perfeito. Não podemos saborear este alimento ou esta manhã. Nada mais nos satisfaz. A única coisa presente é a nossa expectativa. Ela está sempre comparando e sempre se decepcionando. O homem que vive manipulado pelo desejo tem a vida sempre condenada. E a sociedade colabora com isso.

Desde a infância, você não é aceito como é. Se quiser viver a vida do seu jeito, você será condenado por todos. Todos ficarão contra você. Seus pais não poderão suportá-lo, a sociedade não poderá suportá-lo. Eles precisam fabricar você de acordo com os desejos deles.

E qual é o problema deles? De seus pais? Da sociedade? Eles tambem estão sofrendo do mesmo trauma que você: a rejeição de sua existência tal qual como ela é. A cobrança de uma perfeição que não existe. Eles também tentaram, por toda a vida, serem perfeitos e falharam. Ninguém jamais pode ter êxito nisso. Esse desejo é de tal natureza que está fadado ao fracasso. Porque você está vencendo, mas a ideia da perfeição começa a se sofisticar outra vez, cada vez mais. Na medida em que se vai vencendo,o desejo começa a se distanciar para o futuro. E agora mais expectativas. A distância entre você e a perfeição permanece a mesma. Se você tem dez mil reais, precisará de cem mil para ser feliz. Quando tiver cem mil, seu desejo terá caminhado para mais longe. Isto já não basta!

E ai, você vai perdendo o amor e o respeito por si, pois vai caminhando cada vez mais para longe de si, de sua real essência e reais valores. E quando isso acontece, você está perdido!

O mundo sofre tanta loucura, todo tipo de problemas mentais e de doenças físicas. Noventa por cento das causas de todos esses problemas do corpo e da mente vem da mentalidade de que a pessoa tem de ser perfeita.

“A realidade nunca é perfeita, lembre-se. Se a realidade está sempre crescendo, como ela pode ser perfeita? Se alguma coisa é perfeita, o crescimento é impossivel. Só a imperfeição pode sentir a alegria do crescimento” (Osho).

Você deseja se tornar uma flor, crescendo, abrindo-se? Ou deseja tornar-se apenas uma pedra morta, perfeita, sem abertura, sem crescimento, sem mudança?
       
Nunca é tarde demais para liberar-se da programação de seu passado, para assumir o próprio corpo, para descobrir possibilidades até então inéditas.

Ser é nascer continuamente. Mas quantos se deixam morrer pouco a pouco, enquanto suas mentes se direcionam apenas para a necessidade de uma falsa identidade?

Saúde, bem-estar, segurança, prazeres.  Deixamos tudo a cargo dos médicos, psiquiatras, arquitetos, políticos, patrões, maridos, mulheres, amantes, filhos. Confiamos a responsabilidade de nossa vida, de nosso corpo aos outros. Por vezes àqueles que não desejam essa responsbilidade e que se sentem esmagados por ela, simplesmente porque nem aguentamos mais suportar nosso próprio peso.

Quando renunciamos à autonomia, abdicamos de nossa soberania individual. Passamos a pertencer aos poderes, aos seres que nos recuperaram. Se reivindicamos tanto a liberdade é porque nos sentimos escravos, e os mais lúcidos reconhecem ser escravos-cúmplices. Mas como poderia ser de outro jeito se não chegamos a ser donos nem de nossa primeira casa, da casa que é o corpo?

Nosso corpo somos nós. Somos o que parecemos ser. Nosso modo de parecer é nosso modo de ser. Mas não queremos admití-lo. Não temos coragem de nos olhar. Aliás, não sabemos como fazê-lo. Confundimos o visível com o superficial. Só nos interessamos pelo que não podemos ver. Chegamos a desprezar o corpo e aqueles que se interessam por seus corpos. Sem nos determos sobre nossa forma – nosso corpo – apressamo-nos a interpretar nosso conteúdo, estruturas psicológicas, sociológicas, históricas. Passamos a vida fazendo malabarismos com palavras para que elas nos revelem as razões de nosso comportamento. E que tal se, através de nossas sensações, procurássemos as razões do próprio corpo?

Nossos corpos somos nós. É a nossa única realidade perceptível. Nossa vida somos nós.  Não se opõe à nossa inteligência, sentimentos, alma. Ela os inclui e dá-lhes abrigo. Por isso, tomar consciência do próprio corpo é ter acesso ao ser inteiro, pois corpo e espírito, psíquico e físico e até força e fraqueza, representam, não a dualidade do ser, mas sua unidade.

Seja imperfeito, respeite suas imperfeições e você poderá alegrar-se e celebrar. Poderá ser saudável e inteiro. E não precisará procurar um psiquiatra ou um psicanalista para ficar por anos deitado num divã, falando bobagens.


*Zaki é terapeuta holística do espaço Pura Luz Yoga.


quarta-feira, 16 de março de 2011

Crenças no âmago dos padrões pessoais

por Ma Prem Zaki*


Nossas crenças formam o cerne de nossos padrões pessoais. Elas determinam para onde dirigimos nossa atenção, de onde a desviamos e como respondemos a pessoas e fatos. Elas conduzem o nosso comportamento e determinam as nossas escolhas e assim direcionam todo o curso de nossa história.

Saí daqui do Brasil com dinheiro suficiente para minhas despesas, hospedagem, alimentação, cursos e compras. Chegando à Índia, encontrei vários amigos com realidade financeira diferente da minha e durante todo o período só se falava em uma coisa: "economizar”. Deixar de comer bem para economizar, deixar de comprar coisas que gostou e ir buscar outra mais barata, deixar de viver uma série de coisas para economizar.

Em minha cabeça, automaticamente vinha um pensamento: "eles estão certos e eu estou errada. Devo também economizar, não posso estar gastando com comida e outras futilidades!" Mas em um de meus momentos de reflexão, eu senti: “mas eu posso fazer sim, eu quero comer sim, eu quero comprar sim e eu tenho dinheiro para fazer isso tudo sim!”.

E fiquei impressionada como a minha mente estava condicionada à miséria. Eu estava o tempo todo pensando: “o certo é isso mesmo... economizar”. E em nenhum momento eu pensava: “mas eu tenho dinheiro e vim aqui para fazer tudo isso. Por que eu tenho que economizar?”. Porque eu me sinto culpada por poder fazer e nunca penso: “que bom que eu posso!!”.

A crença é que você deve ter tudo com sacrifício, com luta, deixar de fazer o que gosta, mesmo com responsabilidade. E é mais bonito falar do sacrifício do que da boa aventurança!

Adoramos santos que sofreram muito, que se sacrificaram muito, que abandonaram suas vidas para servir. Achamos bonito alguém que tem algo com muito sacrifício! Muita luta! E aí pensamos: “eu sou um nada! Se você tem algo que não teve de lutar tanto você não é digno de elogios e aplausos, afinal, você não teve que se sacrificar tanto, então, você não vale tanto!”.

A crença que temos da vida é que ela é só sacrifício... foi assim que aprendemos. O sagrado é sacrifício, todas as religiões são adoradoras da morte e de uma vida de sofrimento. O Deus que acreditamos é um Deus de sacrifício e dor. Deixamos de celebrar as nossas conquistas se elas não foram tão difíceis assim.

Depois de ter passado pelos momentos de reflexão, depois de ter vivido o preconceito da bem aventurança, o preconceito da abundância, de ter sido tratada como uma pessoas diferente por poder viver e celebrar, estou aqui levando o questionamento também a vocês:

O que é a vida para você?

Para mim, ela é o objetivo de tudo. Ela o traz dentro de si para crescer, se expandir, celebrar, dançar, amar e curtir. Estes também são aspectos da vida, e não só os desafios que nos trazem momentos de dor.

Viver a vida só com dor e lamúrias é sair da VIDA, é escapar dos desafios da vida, é não encarar a vida.

A vida não tem outro objetivo senão ela mesma, porque a vida é um outro nome para Deus. A vida é tudo em tudo. Deus é alguém que você cria quando vive totalmente, intensamente com todo o coração, não deixando nada para trás.

Valorizamos problemas e dificuldades, nem pensamos se este ou aquele problema é, de fato, tão grave e tão doloroso. Não importa! O que importa é que todo desafio tem de ser ruim, pois foi assim que aprendemos. Aprendemos a desvalorizar a vida e torná-la insuportável e cruel. Nunca olhamos para os fatores difíceis da vida como um grande desafio que nos levará a um momento de celebração. Olhamos para os desafios como aspectos negativos... lobos que vão te devorar e você tem que vencê-los somente para estar vivo, sobreviver e nunca celebrar.

Estas crenças, meus amigos, nos levam a carregar problemas que não são nossos por anos de nossas vidas, por acreditarmos numa vida só de dor. Ficamos inquietos de estar bem quando o outro está mal.

Nossas crenças são o que concluímos ser verdade.

Então, sugiro agora que você pense a respeito do que acredita e veja de que forma estas crenças vem impedindo você de viver, ou melhor, de que forma estas crenças vem interferindo na forma de seu viver?

Esta experiência mudou e vai mudar ainda mais a forma de eu olhar para vida e tentar levá-la de forma mais leve e feliz!!


Estou de volta CHEIA DE VIDA!!!!!!!!!!!!!!!!!




*Zaki é terapeuta holística do espaço Pura Luz Yoga.



segunda-feira, 14 de março de 2011

Síndrome de Burnout: o trabalho que adoece

Ultimamente tenho me debruçado em estudos sobre as condições sociais e de trabalho atuais e seus efeitos maléficos à saúde da classe trabalhadora dos mais variados setores. É preocupante perceber como as pessoas vêm adoecendo cada vez mais devido a aspectos ligados às condições de trabalho (sobrecarga física, mobiliário, ruídos, exposição a substâncias tóxicas, etc.), como também aqueles relacionados à organização do trabalho (sobrecarga psíquica, jornada extensa, metas, remuneração por bônus, pouco descanso, pressão do tempo, horas extras, relacionamento com chefes e colegas, etc.).

Isso tudo somado a escolhas profissionais e pessoais que nada têm a ver com as verdadeiras aspirações e inclinações das pessoas têm transformado o trabalho num fator de risco à saúde. Seja médico, engenheiro, professor, operador de telemarketing ou trabalhador da construção civil, todos estão sujeitos ao adoecimento físico e/ou psíquico decorrente da rotina de trabalho a que estão submetidos.

A síndrome de Burnout, também conhecida como a Síndrome do Esgotamento Profissional, é um desses males. Embora seja comum entre aqueles profissionais que lidam diretamente com o público, como médicos, enfermeiros, professores, bancários, advogados e operadores de call centers, a síndrome pode acometer profissionais de qualquer área.

O termo burnout significa “apagar lentamente”, “deixar de funcionar por falta de energia”. A condição é o resultado crônico de um desequilíbrio entre um trabalho que exige mais do que o sujeito tem para dar, ao mesmo tempo em que proporciona menos do que ele precisa receber. Os sintomas se expressam em três dimensões: a exaustão emocional, quando a pessoa não possui mais recursos emocionais para lidar com as situações de trabalho (esgotamento); a despersonalização que é o sentimento de incompetência para resolver problemas de trabalho e o distanciamento afetivo de clientes e colegas de trabalho (esses passam a ser tratados com frieza e indiferença); e a baixa realização pessoal no trabalho caracterizado por uma tendência de se auto-avaliar de forma negativa e sentimentos de infelicidade.

Dependendo do grau de esgotamento, o tratamento pode incluirmedicamentos antidepressivos ou outros que visem tratar doenças como a hipertensão, diabetes e cirrose, que podem se instalar em decorrência da síndrome. Cuidar da saúde emocional, nesses casos, também é fundamental.

A pessoa que se perceber com os sintomas da síndrome de burnout deve recorrer não só ao médico, mas também a um profissional da área de saúde mental, a exemplo dos psicólogos. A terapia, nesses casos, será de grande ajuda na compreensão de que as doenças são apenas somatizações no corpo de problemas emocionais que sozinhos, muitas vezes, não somos capazes de identificar e reverter. Mergulhar para dentro de nós mesmos, através do autoconhecimento, é, seguramente, a chave para escolhas pessoais e profissionais saudáveis e, consequentemente, uma vida mais autêntica e feliz.

*Anamaria Lima - Psicóloga clínica formada pela Universidade Federal de Pernambuco. Atende no espaço de tratamentos holísticos Pura Luz Yoga, utilizando como ferramentas auxilares os Florais Australianos, técnicas de respiração e da bioenergética.
email: analima.psi@gmail.com

domingo, 13 de março de 2011

Alcoolismo Disfarçado

Por Carlos Bayma

Observem estes 10 comportamentos repetitivos, que geralmente ocorrem com homens (ocorrem com mulheres também, porém em menor intensidade), relacionados ao consumo de bebida alcoólica:

01) Programação alcoólica: Ele só escolhe programas e diversões que, de alguma forma, tenha bebida alcoólica envolvida ou que a inclusão desta não seja inapropriada;
02) Só pra relaxar: Toda vez que chega que ele chega do trabalho, antes mesmo de tomar banho, senta e toma algumas doses de whisky ou duas a três latinhas de cerveja;
03) Impaciência no bar: Ao chagar em um bar ou restaurante, mostra-se excessivamente impaciente até que o garçom chegue com sua bebida;
04) De virada: A primeira (às vezes, a segunda e a terceira) dose ou copo de bebida alcoólica é sempre tomada de uma só vez e, após, uma expressão de alívio ou contentamento surge em seu semblante;
05) Logo cedo: Geralmente aos sábados e/ou domingos, ele já começa a beber logo após o desjejum, emenda pela tarde e, muitas vezes, adentra pela noite;
06) Apagão: Frequentemente ele não consegue se lembrar do que fez ou daquilo que disse quando estava sob efeito da bebida alcoólica;
07) Um porre por semana: Embora raramente beba durante dias úteis, geralmente nos finais toma aquele porre que, invariavelmente, termina em vomitadas, constrangimentos ou carregado por amigos;
08) Sem motivo: Bebe apenas por beber e, em geral, sozinho, em casa ou em um bar, barraca ou boteco próximo e raramente fica bêbado ou perde a consciência. Mas bebe todo dia.
09) Irritação: quando o assunto do alcoolismo é abordado, gera um reação desproporcionalmente agressiva do suspeito;
10) Minimização e negação: “não é bem assim”, “bebo apenas socialmente” ou “ela está exagerando” são frases típicas de quem já está comprometido com o álcool, mas quer tirar por menos ou negar.

Muitas dessas pessoas não são consideradas alcoólatras. Nem pelos outros, nem por elas mesmas. Desde que não seja repetitivo, é provável que não haja problemas mais sérios.
Entretanto, considerada a reincidência de um ou mais desses comportamentos, a possibilidade de que algum grau de dependência já exista é grande. E, dessa forma, atingir o ápice, o alcoolismo pleno, é só uma questão de tempo.


* Texto retirado do blog do Dr. Carlos Bayma Diário de Saúde sobre medicina e saúde de fácil entendimento numa abordagem holística. O Pura Luz Yoga recomenda!