segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Podcast Pura Luz Yoga Osho Centre

Olá, pessoal.

O blog do Pura Luz Yoga Osho Centre está de volta com todo o gás!

A partir de agora utilizaremos o recurso do Podcast com trechos retirados do nosso grupo de co-dependência realizado sempre nas quartas-feiras no endereço que você pode encontrar logo ali ao lado da tela. Os assuntos abordados estão relacionados sempre com os temas postados no blog e conduzidos pela terapeuta do grupo Ma Prem Zaki.

Para melhor entendimento dos áudios, coloque o seu fone de ouvido e aproveite!

Luz,

Equipe Pura Luz Yoga Osho Centre.




terça-feira, 30 de agosto de 2011

Medo de Expor

Amado Osho,

Porque eu ainda fico tão assustada ao me expor?

E essa é uma das leis fundamentais da vida: tudo aquilo que você esconde, se for errado, continuará crescendo. Aquilo que você expõe, se for errado, desaparece, evapora ao sol, e se for correto será nutrido. Exatamente o oposto ocorre quando você esconde alguma coisa correta, ela começa a morrer porque não está sendo nutrida. Ela precisa do vento, da chuva e do sol. Ela precisa de toda a natureza disponível para ela. Ela consegue crescer somente com a verdade, ela se alimenta com a verdade. Pare de lhe dar seu alimento e ela começa a diminuir.

E as pessoas estão acabando com aquilo que é real nelas e reforçando aquilo que não é real. A sua face não verdadeira se alimenta com mentiras, por isso você tem que continuar inventando mais e mais mentiras. Para dar sustentação a uma mentira você terá que mentir cem vezes mais, porque uma mentira só pode ser sustentada por mentiras ainda maiores. Assim, quando você se esconde atrás de fachadas, o real começa a morrer e o não real prospera, torna-se mais robusto. Se você expuser-se, o não verdadeiro irá morrer, ele estará pronto para morrer, porque o não verdadeiro não consegue permanecer no aberto. Ele consegue permanecer apenas em sigilo, na escuridão, nos túneis da sua inconsciência. Se você o trouxer à consciência, ele começará a evaporar. (......)

Se você conseguir expor-se religiosamente, não na privacidade, não com seu psicanalista, mas simplesmente em todos os seus relacionamentos, isso é o que significa o sannyas. Isso é auto-psicanálise. Isso é vinte quatro horas de psicanálise, todos os dias. Isso é psicanálise em todo tipo de situação: com a esposa, com o amigo, com os parentes, com o inimigo, com o estranho, com o chefe, com o seu funcionário. Por vinte e quatro horas você está se relacionando.

Se você continuar se expondo.... No começo vai ser ser realmente muito assustador, mas logo você começará a ganhar força porque uma vez que a verdade é exposta, ela se torna mais forte e a não verdade morre. E com a verdade tornando-se mais forte, você se tornará mais enraizado e centrado. Você começa a se tornar um indivíduo. A personalidade desaparece e o indivíduo aparece.

A personalidade é falsa e a individualidade é substancial. A personalidade é simplesmente uma fachada e a individualidade é a sua verdade. A personalidade lhe é imposta de fora, é uma persona, uma máscara. A individualidade é a sua realidade, ela é como Deus a fez. A personalidade é uma sofisticação social, um polimento social. A individualidade é crua, selvagem, forte e com tremendo poder.

Somente no começo, Gita, haverá medo. Por isso a necessidade de um Mestre, para que no começo ele possa segurar suas mãos, para que no começo ele possa lhe dar suporte, para que ele possa levar-lhe a dar alguns passos com ele. O Mestre não é um psicanalista. Ele é muito mais. O psicanalista é um profissional e o Mestre não é um profissional. Não é sua profissão ajudar as pessoas, é a sua vocação, é o seu amor, é a sua compaixão. E por causa dessa compaixão ele a conduz apenas o tanto que você precisa dele. No momento em que ele sente que você pode ir por si mesma, ele começa a soltar as suas mãos. Embora você quisesse continuar agarrada, ele não pode permitir isso.

Uma vez que você esteja pronta, corajosa e desafiadora; uma vez que você tenha experimentado a liberdade da verdade, a liberdade de expor a sua realidade, você poderá seguir por si mesma. Você conseguirá ser uma luz para si mesma.

Mas o medo é natural porque desde o início da infância, lhe foram ensinadas falsidades, e você se tornou tão identificada com o falso que abandoná-lo quase parece cometer suicídio. E o medo surge porque uma grande crise de identidade aparece.

Por cinqüenta, sessenta anos, você tem sido um certo tipo de pessoa. Agora a Gita deve estar atingindo os sessenta. Por sessenta anos você tem sido um certo tipo de pessoa. Agora, nesta última fase de sua vida, abandonar aquela identidade e começar a aprender a respeito de si mesma desde o ABC é assustador. A cada dia a morte está se aproximando mais. Será esse o tempo para aprender uma nova lição? Quem sabe se você será capaz de completá-la ou não? Quem sabe? Você pode perder a sua velha identidade e pode não ter tempo suficiente, energia suficiente, coragem suficiente para alcançar uma nova identidade. E, nesse caso, você iria morrer sem uma identidade? Isso será uma espécie de loucura, viver sem uma identidade. O coração desmonta e se encolhe. A pessoa pensa: "Agora, tudo bem levar isto adiante por mais alguns dias. É melhor viver com o velho, o que é familiar, o seguro e conveniente." Você se torna competente para lidar com isso. E isso foi um grande investimento: você colocou sessenta anos de sua vida nisso. De alguma maneira você administra isso, de alguma maneira, você criou uma idéia de quem você é, e agora eu digo a você para abandonar tal idéia porque você não é isso. Nenhuma idéia é necessária para conhecer-se. Na verdade, todas as idéias têm que ser abandonadas, somente então você poderá saber quem você é.

O medo é natural. Não o condene e não sinta que ele é algo errado. Ele é apenas parte de toda essa educação social. Nós temos que aceitá-lo e ir além dele. Sem condená-lo, nós temos que ir além dele.

Exponha pouco a pouco, não há qualquer necessidade de você dar saltos que você não possa administrar. Vá passo a passo, gradualmente. Mas logo você irá descobrir o sabor da verdade e você ficará surpresa de que todos esses sessenta anos foram puro desperdício. Sua velha identidade será perdida e você terá uma concepção totalmente nova. Não será, na verdade, uma identidade mas uma nova visão, uma nova maneira de ver as coisas, uma nova perspectiva. Você não será capaz de dizer "Eu" novamente, com alguma coisa por trás. Você usará essa palavra porque ela é útil, mas você estará sabendo todo o tempo que a palavra não carrega qualquer significado, qualquer substância, definitivamente qualquer substância existencial. Por trás desse "Eu" está escondido um oceano infinito, vasto e divino.

Você nunca alcançará uma outra identidade. A sua velha identidade terá ido embora e, pela primeira vez, você começará a sentir-se como uma onda no oceano de Deus. Isso não será uma identidade porque você não estará ali. Você terá desaparecido. Deus terá se apoderado de você.

Se você colocar em risco o falso, a verdade poderá ser sua. E ela vale isso, porque você coloca em risco apenas o falso e ganha a verdade. Você nada arrisca e ganha tudo.

Todo o meu trabalho é para, de alguma maneira, persuadir você, seduzir você, desse jeito ou daquele, para que abandone a velha identidade. Muitos medos virão. Muitas coisas você fez no passado e foi capaz de esconder com sucesso. Agora, sem qualquer propósito, de novo abrindo os capítulos fechados, os espaços fechadas e liberando os fantasmas do passado....

Você pode não ter sido fiel ao seu marido uma vez ou outra, mas você foi capaz de manter uma certa face de sinceridade e de fidelidade. Agora, expor-se desnecessariamente vai lhe criar medo. Você pode não ter sido fiel, mas qual é a razão de expor isso agora? Ou você tem sido leal em ações mas não em pensamentos. Mas, qual é a razão de expor isso? A mente lhe dirá: 'Não há qualquer necessidade! Já existem tantos problemas, porque criar mais um?'

Você pode ter sido bem sucedida ao contar muitas mentiras e espalhando tais mentiras como verdades. Você pode ter sido bem sucedida e, para os outros, aquelas mentiras são quase verdades agora, e mesmo para você. Agora, voltando lá atrás e olhando de novo, é muito natural ficar com medo e não querer olhar para trás e não voltar àqueles pesadelos. (...)

É melhor ficar quieto, diz a mente. É melhor não trazer todos os velhos fantasmas, não liberá-los. É melhor deixá-los sentados lá. Por sessenta anos você tem sido capaz de manter uma certa conduta, uma certa graciosidade, uma certa personalidade - polida, civilizada, respeitável - agora, de repente, expor-se sem qualquer razão? Você ficou maluca? A mente lhe dirá: 'você já agüentou tanto tempo, você pode agüentar um pouco mais.' (....)

Depois de sessenta anos de vida, a idéia simplesmente surge em sua mente: 'você já agüentou tanto tempo, por que você não pode agüentar alguns dias mais? Por que criar perturbações? Por que criar agitações desnecessariamente?' As coisas estão acomodadas, todo mundo respeita você, as crianças, o marido, toda a sociedade respeita você. Tem sido uma luta árdua, uma luta com o mundo externo e com o mundo interno. De alguma maneira você reprimiu tudo aquilo que era selvagem dentro de você. Você reprimiu sexo, raiva, ambição, inveja; você reprimiu tudo o que a sociedade condena. Você, de alguma maneira, desenvolveu um belo caráter. Agora, na última fase de sua vida, por que expor isso? Com que objetivo? O que você vai ganhar com isso?

A mente lhe dará todas essas razões astutas, essas racionalizações.

Se você viveu por sessenta anos de uma maneira falsa, então chega! Já foi o bastante. Já é hora de abandonar toda essa falsidade. O que as pessoas podem tirar de você agora? Mais cedo ou mais tarde você vai estar morta e todo o respeito, todo o caráter, tudo irá se perder e logo você será esquecida. Algumas poucas pessoas irão se lembrar de você por uns poucos dias, e depois elas irão morrer. Então, até mesmo a sua memória vai desaparecer da Terra. (...)

Quantos milhões de pessoas viveram na Terra? Ninguém nem mesmo sabe seus nomes agora. Na época em que elas viveram elas devem ter se gabado de suas personalidade, caracteres, força, verdade, coragem, religiosidade, santidade, e disso e daquilo. Agora, ninguém nem mesmo sabe os seus nomes. (...)

Agora, o que você tem a perder, Gita? Você nada tem a perder e tem tudo a ganhar. Você foi afortunada por, na última fase de sua vida, ter entrado em contato com este campo de energia. Você foi afortunada pois no final da tarde de sua vida uma porta está aberta e a pessoa que volta para casa, ainda que no final da tarde, não deve ser considerada perdida.

Existe um provérbio na Índia: 'mesmo no final da tarde, quando o sol está se pondo, se alguém volta para casa, ele não é considerado perdido.' Ele chegou, finalmente ele chegou.

Não perca essa última fase da vida. E a última é a mais importante fase, porque ela lhe trará a morte. E se você conseguir morrer como verdade, você não nascerá novamente. Se você puder morrer com todas as falsidades abandonadas, com todas as falsas identidades desconectadas de você, renunciadas, se você puder morrer completamente nua diante de Deus, absolutamente nua diante de Deus como uma criancinha diante de seus pais, a sua morte será a mais bela experiência que você jamais conheceu.

Aqueles que conheceram a morte sabem que a vida é nada comparada a ela. A vida tem uma extensão, setenta, oitenta anos, ela se espalha por todos esses anos. Daí, ela não conseguir ter a mesma intensidade que a morte pode ter, e que somente a morte consegue ter, porque a morte acontece num momento. Por oitenta anos você vive e num momento você morre. A morte tem intensidade, não extensão mas intensidade. Ela tem profundidade.

A vida é um longo caminho para viver. Você pode adiar para amanhã e viver de uma maneira sem entusiasmo. Mas a morte é tão total... E se você puder morrer conscientemente... E você só pode morrer conscientemente se você expor-se totalmente, de modo que tudo o que o inconsciente estiver carregando seja colocado para fora, tudo o que o inconsciente estiver reprimindo seja liberado, e assim o inconsciente se torna vazio e nada há para esconder. Você pode se expor no momento da morte e morrer conscientemente.

Lembre-se, uma pessoa que tiver qualquer repressão não poderá morrer conscientemente. A repressão cria o inconsciente. Quanto mais reprimido você for, maior o inconsciente que você tem. O que na verdade é o inconsciente? Ele é aquela parte de sua mente que fica de lado, é aquela parte de sua casa onde você nunca vai, o porão. Você vai atirando ali todo tipo de coisas e nunca você vai lá. (...)

O inconsciente é uma criação da civilização. Quanto mais civilizado você for, mais inconsciente você será. Se você for absolutamente civilizado, você será um robô, você será absolutamente inconsciente. Isso é o que está acontecendo. Esta calamidade está acontecendo em todo o mundo. Isso tem que parar. E a única maneira de parar isso é ajudando as pessoas a colocar para fora os seus inconscientes nas meditações.

Gita, exponha-se. Isso será um alívio. E eu estou aqui. Não fique preocupada e não tenha medo. Eu estou indo com você. Eu vou lhe fazer companhia até o ponto em que você não precise mais de mim. Eu só deixarei você no desconhecido quando eu sentir que agora você pode caminhar por si mesma. E aí não haverá mais medo.

Mas não perca esta oportunidade. Desta vez, morra conscientemente. Mas você tem que começar neste exato momento a viver conscientemente. Somente então você poderá morrer conscientemente. Mesmo que você consiga viver conscientemente por poucos anos, isso será o suficiente. Mesmo alguns meses ou mesmo alguns dias, se a intensidade for grande, mesmo alguns minutos serão suficientes para viver conscientemente. Então a pessoa se torna capaz de morrer conscientemente. E morrer conscientemente é ressuscitar numa dimensão totalmente diferente, a dimensão do divino.

Eu gostaria que todos os meus sannyasins morressem tão profundamente que eles nunca nascessem de novo, assim eles poderiam desaparecer no cosmos e se tornar parte do todo. "

Queridos Amigos, gostaria de trocar com todos que lerem este texto nossos comentários.

amor e luz

zaki

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Co-dependência Emocional


Por Anamaria Lima

Primeiramente, é preciso dizer que todas as pessoas, em menor ou maior grau, são co-dependentes. De maneira abrangente, o co-dependente é aquele que acredita ser responsável pela felicidade e necessidades das outras pessoas. E para isso, vive em função dos outros, numa eterna tentativa de controlar a maneira como devem conduzir suas vidas, seus comportamentos e até pensamentos. É um verdadeiro escravo emocional cujo bem estar passa a depender das outras pessoas, o que sempre causa desentendimento e mal estar. 

Incapaz de estabelecer limites saudáveis, o co-dependente perde sua identidade e busca no outro amor, aprovação e reconhecimento para compensar a falta de amor próprio. Consequentemente, vive eternamente insatisfeito, com uma sensação de não ser devidamente apreciado e de que é vítima das pessoas e dos acontecimentos.

Isso acontece porque o co-dependente não suporta lidar com a ansiedade gerada pela consciência de que na verdade o outro não precisa dele para viver. É demasiado doloroso para o ego o encontro com essa verdade. A sensação de vazio, portanto,fica sempre presente, fazendo-o oscilar entre o salvador que resolve todos os problemas dos outros e a vítima quando as coisas não saem como ele gostaria. 

Podemos ilustrar alguns exemplos de comportamentos e sentimentos co-dependentes:

- Ter dificuldade de dizer não (ser o “bonzinho/boazinha” da história);
- Sentir-se culpado em usufruir das coisas que conquistou (afinal, tem tanta gente sofrendo no mundo, não é mesmo?);
-Ter medo de expressar o que verdadeiramente sente e perder o amor/admiração/respeito do outro; 
- Sentir que o seu parceiro/parceira não reconhece o que faz por ele/ela;
- Ter ciúmes do seu parceiro/parceira;
- Acreditar que alguém é responsável por lhe fazer feliz;
- Interromper os afazeres do seu dia para fazer favores para amigos e parentes; 
- Cuidar mais dos outros do que de si mesmo;
- Controlar o comportamento das pessoas (como elas devem se vestir, falar, pensar);
- Ter medo de ser abandonado e rejeitado etc...

Se você se encaixou em algum dos exemplos, talvez seja a hora de olhar para você mesmo de uma forma mais honesta e consciente. E para isso, a ajuda de um profissional especializado pode ser de grande valia. Admitir, reconhecer e aceitar que se tem a doença é o primeiro passo a ser dado. O segundoé começar as mudanças de comportamento necessárias e aprender a lidar com sentimentos de insegurança, medo, rejeição, culpa etc que certamente irão surgir no processo. Ter coragem para olhar e tratarnossas dores e misérias da alma nos permitirá exercer o único controle que nos é possível: o da nossa própria vida!

* Psicóloga clínica formada pela Universidade Federal de Pernambuco. Atende no espaço de tratamentos holísticos Pura Luz Yoga, utilizando como ferramentas auxiliares os Florais Australianos, técnicas de respiração e da bioenergética.

Pura Luz Yoga: (81) 3226-7590

email: analima.psi@gmail.com

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Concessões x Egoísmo

Por Anamaria Lima


No texto que escrevi neste blog, intitulado “Quem ama tem que ceder. Será?” (para ler, clique aqui), abordei o tema da concessão que deu muito, mas muito mesmo o que falar. Fico feliz, pois a ideia é justamente abrirmos o coração para sentir tudo o que foi dito e ampliar a consciência de quem nós somos.

Muitas pessoas questionaram sobre a diferença entre ser autêntico e seguir a sua própria essência (ou seja, não fazer concessões) e ser egoísta. Afinal, nos tornamos egoístas quando não fazemos concessões?

Vamos por partes. Há um grande mal entendido de que não fazer concessões nos torna isolados e incapazes de interagir com os outros. Isso não é verdade. Sempre haverá muitos sentimentos, vontades e gostos compatíveis com as pessoas com que convivemos e que nos proporcionará momentos de integração e harmonia.

Agir de acordo com o que realmente sentimos não significa tão pouco passar por cima dos sentimentos das pessoas, ou do que elas pensam e acreditam. Significa apenas não passar por cima de si mesmo para agradar o outro. O que é bem diferente.

A não concessão de que falo, portanto, não tem o poder de violentar ninguém. Nunca. Talvez alguém possa se sentir muito ofendido porque você não compareceu a sua festa de aniversário. Talvez um parente sinta que você é muito egoísta porque não foi a um evento de família. Ou algum amigo fique chateado já que você não o convidou para uma reuniãozinha em sua casa.

Mas todos esses sentimentos não foram causados por você! O outro se sente dessa maneira por questões emocionais dele. As suas atitudes foram apenas os disparadores da baixa autoestima, do sentimento de inferioridade, abandono, rejeição etc. que a pessoa já carrega com ela. Ser autêntico – repito – jamais poderá violentar alguém.

Não é que seja impossível obter satisfação ao fazermos algo para/por alguém. Quando fazemos isso de forma livre e não porque devemos (só porque é meu pai, minha mãe, porque quem ama de verdade faz isso ou aquilo) é maravilhoso e não uma concessão!

Há pessoas que concedem tanto que perdem a própria identidade. Nem "tudo pra mim" nem "tudo para os outros"

Mas quando há algum senso de obrigação por trás das nossas ações e fazemos algo apesar do nosso cansaço ou não disponibilidade emocional naquele dia, passamos, sim, por cima das nossas necessidades para ‘agradar’ o outro. E isso não nos traz nenhum bem, muito menos àquele que foi agradado, que sem saber já tem uma dívida conosco e que cedo ou tarde será cobrada (mesmo que apenas em pensamento!!!).

O mais engraçado é que nunca paramos para questionar que ao fazer concessões sempre escolhemos ficar ‘desagradados’ para que o outro fique bem. Nos sentimos profundamente incomodados em contrariar alguém, mas contrariar a nós mesmos parece não ter problema algum. Egoísmo é não permitir que você e os outros sejam, sintam e expressem o que verdadeiramente sentem, mesmo que isso não agrade a todos.

Enfim, cedemos porque acreditamos poder fazer o outro feliz. Não temos esse poder! A responsabilidade por nossa felicidade é 100% nossa, não de outrem. E esse princípio equivocado é que nos faz justificar nossas concessões.

Por isso, o meu convite é que olhemos com cuidado e distância para as crenças que nos foram ensinadas em relação ao que é o amor verdadeiro. Só assim, teremos a chance de chegar mais perto de nós mesmos e sentir a verdade de quem somos. E esta verdade reside naquilo que sentimos e não nos conceitos que fomos levados acreditar.

Quando cada um é capaz de perceber seus próprios limites, gostos e vontades, as relações tornam-se mais harmônicas, mais prazerosas e, sobretudo, mais verdadeiras. Acordar para essa nova forma de ver a nós mesmos e os outros é muito libertador! Sem obrigações e culpas o amor certamente flui melhor.

* Psicóloga clínica formada pela Universidade Federal de Pernambuco. Atende no espaço de tratamentos holísticos Pura Luz Yoga, utilizando como ferramentas auxiliares os Florais Australianos, técnicas de respiração e da bioenergética.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O incognoscível

Eu não acreditei,
em pé, às margens de um rio
largo e agitado,
que eu atravessaria aquela ponte
trançada de palhas finas e frágeis
amarradas com corda.
Eu caminhei delicadamente como uma borboleta
e pesadamente como um elefante,
eu caminhei certamente como um dançarino
e titubeante como um cego.
Eu não acreditei que iria atravessar aquela ponte,
e agora que eu estou do outro lado,
eu não acredito que eu a atravessei.

Leopoldo Staff

Mesmo quando você conhecer Deus, você não será capaz de acreditar que O conheceu. Isso é o que eu quero dizer quando digo que Deus é um mistério.
Desconhecido, Ele permanece incognoscível.
Conhecido, Ele também permanece incognoscível.
Sem ser visto, Ele é um mistério.
Visto, Ele se torna um mistério ainda maior.
Ele não é um problema que você possa resolver. Ele é maior do que você. Você pode dissolver-se nele, você não pode resolvê-lo.

Osho

"A verdade é. Ela simplesmente é. Nada pode ser dito a respeito dela. E tudo que puder ser dito a respeito dela irá torná-la falsa. 
Não há necessidade de qualquer explicação. Não explicada, completamente imediata, a verdade é. Ela circunda você. Ela está dentro de você e sem você. Não há necessidade de se chegar a qualquer conclusão a respeito dela. Ela já é conclusiva! Você está nela.Você não consegue ser sem ela. Não há maneira alguma de perdê-la. Não há maneira alguma de se desviar dela. Você pode estar dormindo profundamente, inconsciente, mas ainda assim você estará nela.
Assim, aqueles que conhecem a verdade sabem muito bem que a filosofia não irá ajudar. Quanto mais você tentar conhecer a respeito da verdade, mais você se tornará adormecido.O próprio esforço para conhecer levará você a se perder. A verdade pode ser sentida, mas não pode ser conhecida. Quando eu digo que ela pode ser sentida, eu quero dizer que você pode estar presente nela, que ela pode estar presente em você. Existe uma possibilidade de um encontro. Existe uma possibilidade de tornar-se um com ela. Mas não existe uma maneira de se conhecê-la. 
A verdade não pode se tornar um objeto. Você não pode colocá-la ali e vê-la. Você não pode segurá-la em suas mãos e vê-la. Você não pode examiná-la externamente. Somente do lado de dentro, somente tornando-se um com ela, você pode senti-la. Sentir é o único conhecimento possível. Por isso, aqueles que conhecem dizem: o amor é a maneira.
O conhecimento é um tipo de ignorância. A palavra 'ignorância' é muito bonita. Divida-a em duas e ela se torna 'ignor-ância'. A verdade pode ser ignorada. Isso é o que ignorância é, de outra forma, a verdade já está presente. Ignorância nada mais é que ignorar a verdade que já está aí. E um homem de conhecimento se torna mais ignorante, porque quanto mais ele pensa que sabe, mais ele se torna capaz de ignorar aquilo que é. Perdido em suas teorias, dogmas, credos e escrituras, ele não tem mais olhos para ver a realidade. Perdido em palavras e verbalizações, a sua visão está anuviada. Ele não consegue ver aquilo que é. 
Quanto mais você estiver anuviado pelo seu pensar, quanto mais você estiver na mente, mais você será capaz de ignorar a verdade. O conhecimento não é necessário, mas apenas a inocência, a inocência de uma criança. Vulnerável, aberto... Sem tentar conhecer. No próprio esforço para conhecer você se torna um voyeur. Você agrediu a realidade, você está tentando estuprar a realidade. 
É por isso que eu continuamente digo que a ciência é um estupro da realidade. A palavra 'ciência' vem de uma raiz que significa 'conhecer'. Ciência é conhecimento. Religião não é conhecimento. Religião é amor.A palavra 'religião' vem de uma raiz que significa comprometer-se, apaixonar-se, tornar-se um.
A verdade é sentida. Ela é uma experiência vivida. Assim qualquer coisa que puder ser dita a respeito da verdade, não será verdadeira. Pelo simples fato de ter sido dita, ela já se torna não verdadeira. 
Tudo o que já foi dito até agora e tudo o que vier a ser dito no futuro, nada tem a ver com a verdade. Não há maneira alguma de expressá-la. A verdade é muito arisca. Você não consegue pegá-la em palavras. Você não consegue pegá-la através da mente. A mente perde-a seguidamente, porque o próprio funcionamento da mente é anti-verdade. O funcionamento da mente é não-existencial. A mente funciona naquilo que não é, ou no passado ou no futuro. O passado não existe mais e o futuro não existe ainda. E a mente só funciona, ou no passado ou no futuro. No presente existe a não-mente. 
Se você está no aqui e agora, de repente você terá se separado da mente. Como você pode pensar aqui e agora? O pensar leva você para longe do aqui e agora. Um simples pensamento e você já estará a milhares de quilômetros longe do aqui e agora. No aqui e agora não há qualquer possibilidade, não há qualquer espaço para o pensamento surgir.
A mente funciona no não-existencial, no fictício, no imaginário. A mente é uma faculdade de sonhar, ela é uma faculdade de sonhos. A verdade não é conhecida pela mente, é por isso que eu digo que ela não é conhecida de jeito algum. A verdade é sentida pelo coração, pela sua totalidade, por você, não pela sua cabeça, por você enquanto uma unidade orgânica. Quando você vier a conhecer a verdade, você a terá conhecido pela cabeça e pelos dedos do pé; você a terá conhecido pelos ossos e pelas suas entranhas; você a terá conhecido pelo seu coração e pelo seu sangue; você a terá conhecido pelo seu respirar; simplesmente pelo seu ser. A verdade é conhecida pelo ser.
Esse é o significado quando eu digo que a verdade é sentida. Ela é uma experiência. (........ )
Na terminologia budista, 'Buda' é equivalente a 'verdade'. Eles não falam muito a respeito da verdade. Eles falam muito mais a respeito de Buda. Isso também é significante, porque quando você se torna um Buda, a verdade é. E Buda significa que você se tornou Acordado. Então, porque conversar a respeito da verdade? Simplesmente pergunte o que é o acordar. Simplesmente pergunte o que é consciência, porque quando você está consciente, a verdade está ali. Quando você não está consciente, a verdade não está ali. 
Assim, a pergunta básica e real é a respeito da consciência. Mas isso também não pode ser perguntado e resolvido. A pessoa tem que se tornar consciente, não existe outra maneira. 
Um discípulo perguntou a um mestre Zen: 'Se alguém me perguntar daqui a cem anos o que eu penso ter sido a sua compreensão mais profunda, o que eu deverei dizer?' O mestre respondeu: 'Diga a ele que eu disse: é Isto!'
Agora, que tipo de resposta é essa: 'é Isto!'? Ele indicou a realidade imediata: Isto. 
Vedanta, o maior trabalho em Filosofia da Índia, fala a respeito do 'aquilo'. ... O povo Zen fala a respeito do 'isto'. Certamente a compreensão deles é mais profunda, porque 'aquilo' está de novo no futuro, lá longe, enquanto 'isto' é presente. Isto é aquilo. Esta margem é a outra margem. Esta vida é a única vida e este momento é a eternidade.
Se você puder viver este momento, se você puder estar aqui neste momento, então tudo irá se arranjar por si mesmo. Então você não precisa estar ansioso. Então não há necessidade de perguntar. Antes que você pergunte, a resposta já terá sido dada. A resposta sempre tem estado ali, mas nós não estamos conscientes. Por isso, todo o esforço do Zen é como trazer consciência para você. 
É como se o homem estivesse dormindo. O homem vive num estado de estupor: ele se movimenta, trabalha, nasce, vive e morre, mas dormindo, quase profundamente, roncando. A mente humana é burra. Mente é burrice. A mente não tem qualquer inteligência em si. Nunca houve uma mente inteligente. Eu não quero dizer que nunca houve pessoas inteligentes, mas sim que nunca houve uma mente inteligente. Inteligência é alguma coisa que vem quando a mente é abandonada. A mente nunca é original, nunca é radical. A mente sempre é ortodoxa. A mente sempre é repetitiva, mecânica. Ela funciona como um robô. Ela segue repetindo a mesma coisa por várias vezes. Ela é como um computador: qualquer coisa que você lhe der para alimentar, ele irá mastigar repetidas vezes. 
Você já observou a sua própria mente e o seu funcionamento? Nada de novo acontece com ela. Nada de novo pode acontecer com ela. E por causa disso você permanece alheio a tudo o que está ocorrendo ao seu redor, você segue ignorando. Você está muito apegado a esse instrumento medíocre e estúpido. Ela é boa para ser usada; ela é boa como um reservatório, como memória; ela é boa para manter registros. Mas esse não é o jeito de se ver a realidade. Ela não tem olhos. 
A mente é cega como um morcego. Ela não tem olhos. A mente nunca pode ser inteligente. Apenas a não-mente é inteligente. Apenas a não-mente é original e radical. Apenas a não-mente é revolucionária - revolução em ação. 
Essa mente dá a você um tipo de estupor. Carregada pelas memórias do passado, carregada pelas projeções do futuro, você segue vivendo no mínimo. Você não vive no máximo. A sua chama permanece muito fraca. Uma vez que você começa a abandonar os pensamentos e a poeira que você acumulou no passado, a chama se levanta, limpa, clara, viva e renovada. Toda a sua vida se torna uma chama, e uma chama sem qualquer fumaça. Consciência é isso.
Consciência sem pensar: isso é consciência. Estar alerta e sem qualquer pensamento. Tente isso! Sempre que você vir pensamentos se reunindo, disperse-os. Puxe você mesmo para fora disso. Olhe para as árvores sem qualquer tela de pensamento entre você e as árvores. Ouça o gorjeio dos pássaros sem qualquer gorjeio dentro da mente. Olhe para o sol nascente e sinta dentro de você também um sol de consciência nascendo... mas não pense sobre isso, não faça comentários, declarações, não fale. Simplesmente esteja. E, pouco a pouco, você vai começar a sentir vislumbres de consciência, súbitos vislumbres de consciência, como se uma brisa fresca tivesse entrado em seu quarto que estava ficando velho e morto; como se um raio de luz tivesse entrado na noite escura de sua alma; como se, de repente, a vida tivesse chamado você de volta. 
Você já ouviu a história de Lázaro. Conta-se que Lázaro morreu. Jesus amava-o muito. Suas irmãs mandaram avisar Jesus. Com o tempo as notícias alcançaram-no. Lázaro tinha morrido quatro dias antes. Jesus veio correndo. Todo mundo estava chorando aos prantos e ele disse: 'Não chore! Deixe-me chamá-lo de volta à vida!'
Ninguém podia acreditar nele. Lázaro estava morto. E as irmãs de Lázaro diziam: 'Ele já está apodrecendo, ele não pode voltar. Seu corpo está se deteriorando.'
Mas Jesus foi ao túmulo onde o corpo estava sendo preservado até que ele viesse. Puxaram a pedra para o lado e na caverna escura Jesus chamou: 'Lázaro, levante-se'. E conta-se que ele se levantou.
Isso pode não ter acontecido desse jeito. Isso pode ser apenas uma parábola, mas é uma bela parábola a respeito do homem. Quando eu olho em seus olhos, isso é tudo o que eu posso dizer: 'Lázaro, levante-se'. Você está morto e apodrecendo. Você não está mais vivo. Você teve um nascimento, mas você precisa renascer. O seu primeiro nascimento não foi de muita ajuda. Ele o trouxe a uma certa dimensão, mas isso não é o suficiente. Você tem que ir um pouco mais. O nascimento que já aconteceu para você foi apenas físico. Você precisa de um nascimento espiritual. (...)
O primeiro nascimento é apenas um nascimento físico. Não se satisfaça com ele. Ele é necessário mas não suficiente. Um segundo nascimento é necessário. O primeiro nascimento foi através de seu pai e sua mãe. O segundo nascimento será a partir de sua mente.Você tem que se separar da mente e esse será o seu renascimento, você estará renascido. 
E, pela primeira vez, as árvores estarão mais verdes; estarão mais verdes do que eram antes; as flores estarão mais lindas do que eram antes; e a vida estará mais viva como você jamais a conheceu, porque você só pode conhecer a vida dentro da dimensão em que você estiver vivo. Você não pode conhecer a vida se você não estiver vivo. Seja você o que for, você conhecerá a vida somente dentro daquela sua dimensão.
A mente e o controle da mente sobre você, são aprisionamentos. Livre-se da mente. A questão não é como conhecer a verdade. A questão é como ficar livre da mente; como livrar-se desse constante ignorar, dessa ignorância; como estar simplesmente aqui, despido, palpitando, jorrando, fluindo, transbordando e encontrando a verdade que já está aí, que sempre esteve aí. (...)
A filosofia tenta explicar as coisas e nunca é bem sucedida. ... A religião não faz qualquer esforço para explicar a vida. Ela tenta vivê-la. A religião não considera a vida como um problema para ser resolvido, mas um mistério a ser vivido. A religião não é curiosa a respeito da vida. A religião está num deslumbramento, num tremendo maravilhamento a respeito da vida. 
O nosso simples estar aqui é um tal milagre... Não se pode explicar porque eu estou aqui, porque você está aqui. Porque essas árvores estão aqui, porque essas estrelas estão aqui. Porque todo esse universo existe e segue povoando a si mesmo com árvores, pássaros e pessoas. Porque originalmente ele está aí, não há maneira alguma de se saber. Ele simplesmente está aí. Mas ele inspira um deslumbramento! Ele preenche o coração com um maravilhamento. Ele é inacreditavelmente verdadeiro, ele é incrível! Ele é absurdo, mas tremendamente belo.
Não há maneira alguma de se dizer porque ele está aí, mas ele está aí. E a religião diz: Não desperdice seu tempo com os porquês. Ele está aí: Curta-o! Celebre-o! Perca-se nele! E deixe que ele se perca em você. Encontre-o! deixe que o encontro seja como dois amantes entrando um no outro. Deixe que isso seja uma experiência orgástica. 
Mas a religião no ocidente tem uma conotação muito errada. Chegou-se a um ponto em que a própria palavra 'religião' cria uma repulsa, em que a própria palavra 'religião' faz lembrar igrejas mortas e padres mortos. Ela faz lembrar pessoas com olhares sérios, rostos sisudos. Ela perdeu a capacidade de dançar, de cantar, de celebrar. E quando uma religião perdeu a capacidade de dançar, de celebrar, de cantar, de amar, de simplesmente ser, então ela já não é mais religião, ela é um cadáver, ela é teologia. Teologia é religião morta. 
No ocidente a teologia dominou a religião. Quando a teologia domina a religião, então a religião nada mais é senão filosofia. E uma filosofia que também não é muito filosófica, porque a filosofia somente pode existir através das dúvidas, e a teologia se baseia na fé. Assim, ela é uma filosofia impotente, nem mesmo é uma filosofia no seu verdadeiro sentido.
A religião não é baseada em crenças ou fé. A religião é baseada no deslumbramento, a religião é baseada no maravilhamento. A religião é baseada no mistério que o circunda. Para sentir isso, para estar consciente disso, para ver isso, abra os seus olhos e abandone a poeira acumulado por séculos. Limpe o seu espelho. Veja quanta beleza circunda você. Veja a tremenda beleza que segue batendo em suas portas. Por que você está sentado com os olhos fechados? Por que você está sentado com esse rosto sisudo? Por que você não pode dançar? E por que você não pode rir?
Nietzsche está certo: Deus está morto... porque os teólogos O mataram. Deus pode estar vivo somente quando um amante está dançando. Mas quando um teólogo está tentando encontrar argumentos para provar Deus, Ele está morto. Deus está vivo quando duas pessoas se apaixonam, então Deus está palpitando e saltitando. Deus está vivo quando você olha para uma flor e você não consegue se mover diante dela, alguma coisa o domina e o emociona. Quando você olha para as estrelas e você se torna um com o mistério, e o seu barco começa a velejar em direção à outra margem, então Deus está vivo. Quando você canta uma canção, ela pode ser sem significado, ela pode ser um simples lá-lá-lá, ela pode não ter qualquer sentido, mas Deus está vivo naquela pura expressão de alegria.
Deus está vivo quando você está vivo. Se você não está vivo, como pode o seu Deus estar vivo? O seu Deus é seu. Se você está morto, o seu Deus está morto; se você está vivo, o seu Deus está vivo. O seu Deus não pode ser maior do que você, porque o seu Deus é o centro mais profundo do seu ser. Assim, se você quiser saber o que é Deus, torne-se mais vivo. Se você quiser saber o que é Deus, torne-se mais divino. Se você quiser saber o que é Deus, então não tente saber, tente sentir. Ele chega através da porta do coração. 
Deus é um tal mistério, ou chame isso de vida, ou existência. A vida é um tal mistério que mesmo se você entrar no santuário mais interno dela, você não será capaz de acreditar. Ela é inacreditavelmente verdadeira. Ela é Incrível. (...)
Sim, a vida é um mistério, e nada há para se explicar, porque tudo está simplesmente aberto, ela está exatamente diante de você. Enfrente-a! Encontre-a! Seja corajoso! Esse é o ponto de vista do Zen. (...)"

Osho - A Sudden Clash of Thunder

Tradução: Sw. Bodhi Champak


segunda-feira, 11 de julho de 2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

Relaxar

Elisabeth Cavalcante

Vivemos pressionados por tantas solicitações do mundo exterior, que se torna cada dia mais difícil encontrar um espaço de paz e serenidade dentro de nós. 
Cobramo-nos mais coragem, mais competência, mais ambição, mais empenho na superação de nossas dificuldades.

E todas estas metas que nos impomos, acabam se constituindo em mais um obstáculo ao alcance da felicidade que tanto buscamos. Precisamos de uma pausa, uma postura mais amorosa e compassiva para conosco, que nos permita substituir a luta, pelo relaxamento em nosso próprio ser. 


Mas, este relaxamento só poderá existir, se estivermos plenamente conscientes de que já somos o que desejamos ser, e que o êxtase e a alegria pelos quais tanto ansiamos já se encontram dentro de nós.

Se ainda não os experimentamos, certamente é porque nossos olhos têm se voltado muito mais para fora do que para o nosso próprio centro.

Enquanto continuarmos focados apenas no que nos falta e nas dores e dificuldades que o estado de inconsciência nos impõe, a luz que nos guiará no alcance da harmonia interior, continuará oculta.

Ela precisa de um estado receptivo, relaxado e, acima de tudo, confiante, para que possa expressar-se em toda a sua plenitude.

...Não há qualidade ou energia que não possa ser convertida para o bem, para a bênção. E lembre-se, aquilo que pode tornar-se ruim, sempre pode tornar-se bom; aquilo que pode tornar-se prejudicial, sempre pode tornar-se útil. Útil e prejudicial, bom e ruim são direções. É uma questão simples de transformar mudando a direção e as coisas se tornarão diferentes.

A forma que você está se movendo agora é errada. Qual é a prova que algo está errado? A prova que algo está errado é que quanto mais você se move, mais você se torna vazio, quanto mais você se move, mais você se torna triste; quanto mais você se move, mais você se torna impaciente; quanto mais você se move, mais você é preenchido com escuridão. Se for esta a situação, então, certamente você está se movendo erradamente.

Bem-aventurança é o único critério para a vida. Se sua vida não é bem aventurada, então, saiba que você está se movendo erradamente. Sofrimento é o critério de estar errado, e bem-aventurança é o critério de estar certo - não há outro critério. Não há necessidade de perguntar a mais ninguém. 

Você pode usar esse critério todo dia, na sua vida cotidiana. O critério é a bem-aventurança. É o mesmo critério de testar ouro esfregando-o em uma pedra: o ourives jogará fora o que quer que não seja puro e colocará o que é puro na sua loja. 

Continue checando, cada dia, utilizando o critério da bem-aventurança; veja o que é certo e o que é errado. O que quer que esteja errado pode ser jogado fora, e o que quer que esteja certo começará a se acumular lentamente como um tesouro.

Osho, The Inner Journey


*Retirado do site Somos Todos Um

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A importância da saúde mental

Por Anamaria Lima

Esse é um tema que considero fundamental para aqueles que verdadeiramente almejam uma vida saudável e feliz. Antes de falar da saúde mental propriamente dita, gostaria de ressaltar o lugar de onde falo e compreendo essa questão. Para nós que trabalhamos numa perspectiva holística, é um equívoco comum, e também uma visão típica das ciências ocidentais, a separação do ser humano em corpo e mente como se tivessem dois funcionamentos independentes e lógicas próprias.

Ora, para as ciências orientais que se fundamentam numa compreensão holística tal separação é impossível. A interdependência das dimensões psíquica e física são tão estreitas que as condições de uma não podem ser entendidas sem analisar as condições da outra. Em outras palavras, não há um corpo saudável sem uma mente igualmente saudável e vice-versa. Mas como manter corpo e mente saudáveis quando não fazemos ideia de quem verdadeiramente somos? A verdade é que pensamos e agimos quase que cem por cento das vezes de forma automática, moldados por todos os ensinamentos sociais (família, igreja, escola etc). É o que chamamos de crenças. Dificilmente paramos para questionar se as verdades que guiam nossos comportamentos são realmente úteis ou estão de acordo com o que de fato queremos e sentimos.

Assim, sem nos darmos conta seguimos muitas vezes o script da “vida feliz”: estudar na infância, ter uma formação de nível superior na idade adulta, casar com alguém do sexo oposto, ter filhos, trabalhar muito, preocupar-se em ter uma aposentadoria etc. Em princípio, não há nenhum problema em realizar/conquistar as coisas acima mencionadas, mas fazê-las em detrimento do que sentimos e verdadeiramente almejamos é, sim, muito grave.

Essa dissonância é responsável por tornar nosso corpo e/ou mente doentes. Ao contrário do que se pode pensar, a doença física ou psicológica é um dos nossos maiores aliados. Sua função não é maltratar ou matar, mas alertar que algo em nossa vida não vai bem e a insistência em não querer ver, encarar ou lidar com isso, se materializa em forma de doença.

Daí, a grande importância do autoconhecimento, seja através das mais diversas terapias ou por qualquer outro caminho que traga a pessoa para perto dela mesma. Conhecer a nós mesmos implica em trazer à consciência nossos aspectos mais camuflados, que uma vez negados, nos tornam artificiais, infelizes e doentes.

Portanto, ter saúde mental é fundamental para desenvolvermos um corpo saudável e, consequentemente, uma vida feliz e autêntica, guiada pelo o que somos verdadeiramente em essência.


* Psicóloga clínica formada pela Universidade Federal de Pernambuco. Atende no espaço de tratamentos holísticos Pura Luz Yoga, utilizando como ferramentas auxilares os Florais Australianos, técnicas de respiração e da bioenergética.
email: analima.psi@gmail.com

terça-feira, 7 de junho de 2011

A vida

Meus amores, gostaria de dizer algumas palavras para aquecer nosso coração a respeito da vida, dizendo que o sentido da vida é atingir a vida, que na verdade...

"O homem nasce para atingir a vida, mas tudo depende dele. Ele pode perdê-la. Ele pode seguir respirando, ele pode seguir comendo, ele pode seguir envelhecendo, ele pode seguir se movendo em direção ao túmulo - mas isso não é vida. Isso é morte gradual, do berço ao túmulo, uma morte gradual com a duração de setenta anos. E porque milhões de pessoas ao redor de você estão morrendo essa morte lenta e gradual, você também começa a imitá-los. As crianças aprendem tudo daqueles que estão em volta delas e nós estamos rodeados pelos mortos. Então temos que entender primeiro,- O que eu entendo por 'vida'?- Ela não deve ser simplesmente envelhecer. Ela deve ser desenvolver-se. E isso são duas coisas diferentes. Envelhecer, qualquer animal é capaz. Desenvolver-se é prerrogativa dos seres humanos. Somente uns poucos reivindicam esse direito.

Desenvolver-se significa mover-se a cada momento mais profundamente no princípio da vida; significa afastar-se da morte - não ir na direção da morte. Quanto mais profundo você vai para dentro da vida, mais entende a imortalidade dentro de você. Você está se afastando da morte: chega a um momento em que você pode ver que a morte não é nada, apenas um trocar de roupas ou trocar de casas, trocar de formas - nada morre, nada pode morrer. A morte é a maior ilusão que existe.

Como desenvolver-se? Simplesmente observe uma árvore. Enquanto a árvore cresce, suas raízes crescem para baixo, tornam-se mais profundas. Existe um equilíbrio; quanto mais alto a árvore vai, mais fundo as raízes vão. Na vida, desenvolver-se significa crescer profundamente para dentro de si mesmo - que é onde suas raízes estão. 

Meditação é apenas um método cirúrgico não convencional que corta tudo aquilo que não é seu e só preserva aquilo que é o seu autêntico ser. Ela queima tudo o mais e o deixa nu, sozinho embaixo do sol, no vento. É como se você fosse o primeiro homem que tivesse descido na Terra - que nada sabe e que tem que descobrir tudo, que tem que ser um buscador, que tem que ir em peregrinação.

O segundo princípio é a peregrinação. A vida deve ser uma busca - não um desejo, mas uma pesquisa: não uma ambição para tornar-se isso, para tornar-se aquilo, um presidente de um país, ou um primeiro-ministro, mas uma pesquisa para encontrar 'Quem sou eu?'. É muito estranho que as pessoas que não sabem quem elas são, estão tentando se tornar alguém. Elas nem mesmo sabem quem elas são neste momento! Elas não conhecem os seus seres - mas elas têm um objetivo de vir a ser. Vir a ser é a doença da alma. O ser é você e descobrir o seu ser é o começo da vida. Então cada momento é uma nova descoberta, cada momento traz uma alegria. Um novo mistério abre as suas portas, um novo amor começa a crescer em você, uma nova compaixão que você nunca sentiu antes, uma nova sensibilidade a respeito da beleza, a respeito da bondade.

Você se torna tão sensível que até a menor folha de grama passa a ter uma importância imensa para você. Sua sensibilidade torna claro para você que essa pequena folha de grama é tão importante para a existência quanto a maior estrela; sem esse folha de grama, a existência seria menos do que é. E essa pequena folha de grama é única, ela é insubstituível, ela tem a sua própria individualidade.

E essa sensibilidade criará novas amizades para você - amizades com árvores, com pássaros, com animais, com montanhas, com rios, com oceanos, com as estrelas. A vida se torna mais rica enquanto o amor cresce, enquanto a amizade cresce...

Quando você se torna mais sensível, a vida se torna maior. Ela não é um pequeno poço, ela se torna oceânica. Ela não está confinada a você, sua esposa e seus filhos - ela não é confinada de jeito algum. Toda essa existência se torna a sua família e a não ser que toda essa existência seja a sua família, você não conheceu o que é a vida. - porque homem algum é uma ilha, nós estamos todos conectados. Nós somos um vasto continente, unidos de mil maneiras. E se o nosso coração não está cheio de amor pelo todo, na mesma proporção a nossa vida é diminuída."

Em primeiro lugar vem a meditação. 

A meditação lhe traz sensibilidade, uma grande sensação de pertencer ao mundo. Este é o nosso mundo - as estrelas são nossas irmãs e nós não somos estrangeiros aqui. Nós pertencemos intrinsecamente à existência. Nós somos parte dela, nós somos o coração dela.

Em segundo lugar, a meditação irá lhe trazer um grande silêncio - porque todo o lixo do conhecimento foi embora, pensamentos que são partes do conhecimento foram embora também... Um imenso silêncio e você é surpreendido - esse silêncio é a única música que existe. Toda música é um esforço para manifestar esse silêncio de algum modo.

Os videntes do antigo oriente foram muito enfáticos a respeito da questão de que todas as grandes artes - música, poesia, dança, pintura, escultura - são todas nascidas da meditação. Elas são um esforço para, de algum modo, trazer o incompreensível para o mundo do conhecimento, para aqueles que não estão prontos para a peregrinação - presentes para aqueles que ainda não estão prontos para partirem na peregrinação. Talvez uma canção possa despertar um desejo de ir em busca da fonte.Você já pensou sobre o porquê, em todo o mundo, em toda cultura, em toda sociedade, existem uns poucos dias no ano para a celebração? Esses poucos dias para a celebração são apenas uma compensação - porque essas sociedades tiraram toda a celebração de sua vida e se nada é dado para você em compensação, sua vida pode tornar-se um perigo para a cultura. Toda cultura criou alguma compensação e assim você não se sentirá completamente perdido na miséria, na tristeza... Mas essas compensações são falsas. Mas no seu mundo interior pode existir uma continuidade de luz, canções, alegria.

Sempre se lembre que a sociedade o compensa quando ela sente que a repressão pode explodir em uma situação perigosa se não for compensada. A sociedade encontra algum jeito de lhe permitir soltar a repressão. Mas isso não é a verdadeira celebração, e não pode ser verdadeira. A verdadeira celebração deveria vir de sua vida, na sua vida.

E a celebração não pode estar de acordo com o calendário, que no primeiro dia de novembro você irá celebrar. Estranho, o ano todo você é miserável e no primeiro dia de novembro, de repente, você sai da miséria, dançando. Ou a miséria era falsa ou o primeiro de novembro é falso.; ambos não podem ser verdadeiros. E uma vez que o primeiro de novembro se vai, você está de volta em seu buraco negro, todo mundo em sua miséria, todo mundo em sua ansiedade.

A vida deveria ser uma celebração contínua, um festival de luzes por todo o ano. Somente então você pode se desenvolver, você pode florir. Transforme pequenas coisas em celebração... Tudo o que você faz deveria expressar a si próprio; deveria ter a sua assinatura. Então a vida se torna uma celebração contínua.

Inclusive se você adoece e você está deitado na cama, você fará daqueles momentos de repouso, momentos de beleza e alegria, momentos de relaxamento e descanso, momentos de meditação, momentos para ouvir música ou poesia. Não há necessidade de ficar triste porque você está doente. Você deveria estar feliz porque todo mundo está no escritório e você está na cama como um rei, relaxando ! 

O medicamento é o mais baixo tipo de tratamento. Mas parece que nós esquecemos tudo, assim nós temos que depender dos medicamentos e ficar rabugentos e tristes - como se você estivesse perdendo uma grande alegria que havia quando você estava no escritório! No escritório você era miserável - simplesmente um dia de folga, mas você também se agarra à miséria, você não a deixa ir. 

Faça todas as coisas criativas, faça o melhor a partir do pior - isso é o que eu chamo de arte. E se um homem viveu toda a vida fazendo a todo momento uma beleza, um amor, um desfrute, naturalmente a sua morte será o supremo pico no empenho de toda a sua vida.

Os últimos toques... sua morte não será feia como ordinariamente acontece todo dia com todo mundo. Se a morte é feia, isso significa que toda a sua vida foi um desperdício. A morte deveria ser uma aceitação pacífica, uma entrada amorosa no desconhecido, um alegre despedir-se dos velhos amigos, do velho mundo...

Comece com a meditação e muitas coisas crescerão em você - silêncio, serenidade, êxtase, sensibilidade. E o que quer que venha com a meditação, tente trazer para a sua vida. Compartilhe isso, porque tudo o que é compartilhado cresce mais rápido. E quando você atingir o momento da morte, você saberá que não existe morte. Você pode dizer adeus, não existe nenhuma necessidade de lágrima de tristeza - talvez lágrimas de felicidade, mas não de tristeza."

OSHO, O Livro da Cura.


Sei, meus amores, que vocês devem estar pensando: "mas é muito difícil!!" Será que é difícil mesmo? Ou não será mais cômodo? Será que não é mais cômodo acreditar nesta vida miserável do que acreditar que um simples estado de presença possa te dar um sentido na tua existência?

Vejo todos aqui nas quartas feiras e vejo que existe dentro de cada pessoa uma grande vontade de liberdade, mas para você, o que é que conhece de liberdade? 

A quarta feira é para mim uma possibilidade desse encontro e desse mergulho para dentro de mim, se olho de verdade com profundidade e compromisso para minha vida, a meditação se torna parte de mim e eu dela.

Espero todos nas quartas-feiras e espero que todos tenham olhado para como você se acorda para vida.

Um abraço carinhoso envolto de luz e amor.

Ma Prem Zaki

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O propósito dos grupos de terapia do Osho

Ontem à noite no grupo de terapia de co-dependência foi celebrado o fato do Pura Luz Yoga ter se tornado oficialmente mais um dos centros do Osho no Brasil, além do lançamento do nosso site que já está no ar (clique aqui para visitar).

Em breve postaremos fotos da celebração.


O blog sofreu algumas pequenas mudanças para ficar com a cara do Pura Luz Yoga Osho Centre.

E para entender um pouco mais a proposta de terapia do espaço, ninguém melhor que Osho para explicar.

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O propósito dos grupos de terapia é levar os participantes para seus eus naturais? Se for assim, o esforço para ser natural não é artificial? Se não, qual é a diferença essencial entre natural e artificial?

Ele simplesmente o deixa consciente dos padrões artificiais que você desenvolveu em seu ser, ele simplesmente o ajuda a perceber a artificialidade de sua vida, isso é tudo. Ao perceber isso, ela começa a se dispersar. Percebê-la é aniquilá-la, pois uma vez percebido algo artificial em seu ser, você não pode persistir com ele por muito mais tempo. E ao perceber algo como artificial, você também sentiu o que é natural — mas isso é indireto, vago, não claro. O que é claro é isto: você percebeu que algo é artificial em você, e com isso você pode sentir o natural. Ao perceber o artificial, você não pode apoiá-lo mais. Ele existe devido a seu apoio — nada pode existir sem o seu apoio; sua cooperação é necessária.

Não, este não é o propósito. O propósito é simplesmente torná-lo consciente de onde você está, do que você fez a você mesmo — que mal você fez continuamente, e ainda está fazendo, que feridas você está criando em seu ser. Em cada uma das feridas está sua assinatura — este é o propósito do grupo, torná-lo alerta sobre a sua assinatura, perceber que ela é assinada por você, que ninguém mais fez isso, que todas as correntes que você tem à sua volta são criadas por você, que a prisão na qual você vive é o seu próprio trabalho; ninguém está fazendo isso para você. 

Ao perceber isto, que “Estou criando minha própria prisão”, por quanto tempo você pode continuar a criá-la? Se você quer viver na prisão, esse é um outro caso — mas ninguém jamais deseja viver na prisão. As pessoas vivem lá porque pensam: “Os outros estão criando as prisões, o que podemos fazer?”. Elas sempre ficam atirando a responsabilidade sobre uma outra pessoa. Através dos tempos, elas criaram novas e diferentes estratégias, mas o propósito permanece o mesmo: jogar a responsabilidade sobre outro alguém. 

Esse era um truque. Você se livra de toda responsabilidade. Mas acontece que quando um truque é usado por muito tempo, ele se torna um chavão e não funciona mais; as pessoas ficam fartas dele e começam a procurar por novas idéias, mas o propósito permanece o mesmo.

A terapia de grupo é para torná-lo consciente que nem Deus nem a sociedade nem seus pais são responsáveis. Se houver alguém que é responsável, é você. Um processo de grupo é um martelar neste simples fato: você é o responsável. E esse martelar tem uma grande importância, pois quando você entende que “Isso sou eu, eu próprio estou fazendo mal a mim mesmo”, então as portas se abrem, há esperança e algo é possível.

“Responsabilidade” é a palavra mais importante num processo de terapia de grupo. Ninguém deseja assumir a responsabilidade, pois ela machuca. Só de perceber: “Sou a causa de minha infelicidade”, machuca muito. Se alguém mais é a causa, a pessoa pode aceitá-la, a pessoa é impotente. Mas se eu sou a causa de minha infelicidade, isso machuca, vai contra o ego, contra o orgulho.

Agora toda a coisa precisa ser mudada, você precisa colocar tudo de ponta cabeça. Ninguém está fazendo nenhum mal a você, e se eles estiverem fazendo, é através de sua cooperação. Portanto, no final das contas você é responsável, você escolheu isso. Você diz: “Meu companheiro está me prejudicando”, mas você escolheu este companheiro, e na verdade, somente para que ele possa fazer mal a você. Você queria se prejudicar, por isso escolheu este companheiro, esta companheira.

Se for assim, o esforço para ser natural não é artificial?

Sim, o esforço para ser natural sempre é artificial. Mas entender a artificialidade não é o esforço para ser natural; é simplesmente entender. Ao perceber que você esteve tentando tirar óleo da areia, quando você percebe a inutilidade disso, você abandona todo o projeto. Ao perceber que você estava tentando atravessar uma parede e machucou sua cabeça, ao perceber isso, você pára de tentar. Você começa a procurar pela porta.

Sim, é exatamente assim.

Se não, qual é a diferença essencial entre natural e artificial?

Natural é aquilo que lhe foi dado como uma dádiva — uma dádiva do todo. O artificial é aquilo que você criou — por ensinamentos, escrituras, caráter, moralidade. O artificial é aquilo que você impôs sobre o natural, o dado. O natural é de Deus, o artificial é de você mesmo. Tire tudo que você impôs sobre você mesmo, e Deus explodirá em mil flores em seu ser.

Alguém pergunta a Jesus: “Qual é a sua mensagem fundamental?”. E ele responde: “Pergunte ao peixe, à ave e à flor”.

O que ele quer dizer com isso? Ele está dizendo: Pergunte à natureza!

Minha mensagem é: Permita que a natureza tome posse de você; não tente criar nenhum caráter. Todos os caráteres estão errados. Seja sem caráter. Não crie nenhum tipo de personalidade; todas as personalidades são falsas. Não seja uma personalidade.

Então, lentamente você perceberá algo surgindo do cerne mais profundo do seu ser. Isso é natureza, e sua fragrância é notável; ela é boa, jamais ruim. E ela não é cultivada, de maneira nenhuma. Daí ela não ter qualquer tensão em si, nenhuma ansiedade; você não precisa mantê-la.

A verdade não precisa ser mantida. Somente mentiras precisam ser arranjadas, mantidas, precisam muito cuidado e manutenção; e ainda assim elas são mentiras e nunca se tornam verdades. E somente a verdade liberta.

A terapia disponível aqui não é para torná-lo natural. Ninguém pode fazer você natural — Deus já fez isso. O problema não é aprender a ser natural, mas como desaprender o artificial.


*Resumo da pergunta nº 2 do discurso nº 12 do livro Take It Easy (Osho). Tradução: Sw. Anand Nisargan