domingo, 24 de abril de 2011

Quem ama tem que ceder. Será?

Por Anamaria Lima

Ceder é o pré-requisito número um para quem quer ter relações afetivas saudáveis, não é mesmo? Para quem apenas deseja viver em harmonia com aqueles que ama, certo? Errado. Explico o porquê.

Desde a mais tenra infância, somos levados a acreditar que só seremos amados e reconhecidos se nos comportarmos da forma esperada, adequada. Nossos pais, quando repreendem determinados comportamentos e apreciam outros, vão construindo em nós uma crença muito perigosa e nociva: a de que seremos abandonados e rejeitados se não os agradarmos. Assim, somos ensinados a agir da maneira que eles esperam e, em troca, ganhamos amor e proteção.

À medida que vamos crescendo, estendemos esse padrão a todas as nossas relações. Nós aceitamos reprimir nossa essência, nossa energia vital para corresponder às expectativas da sociedade (família, professores etc). É o que chamamos de concessão.

Somos os reis e rainhas da concessão. Atire a primeira pedra quem não foi,só para agradar, àquela festa tediosa da família do marido/mulher/namorado/namorada, visitou um parente por obrigação, ouviu aquele amigo/a pela enésima vez sobre suas lamúrias amorosas, acompanhou o cônjuge em um show de uma banda que você detesta, só para citar alguns exemplos.

Temos a ideia equivocada que nos comportamos assim porque somos bonzinhos, gentis e educados. O que custa, afinal de contas, fazer uma visitinha ou ir ao um show que detestamos? Custa. E muito! Não nos damos conta que por trás de tanta bondade está nossa necessidade de aprovação e aceitação. O outro, a quem dirigimos nossa concessão, não tem absolutamente nada a ver com nossa ‘generosidade’.

Na verdade, terminamos abrindo mão do que é essencial e vital para nós com medo de causar desarmonia e desprazer em nossas relações. Assim, passamos a fazer e dizer coisas contra a nossa natureza, minimizando ou negando nossos reais desejos. Esquecemos que a palavra “não” existe em nosso vocabulário e que ela pode e deve ser dita.

O resultado disso tudo, em vez de harmonia, são densentendimentos constantes acompanhados de uma recorrente sensação de frustração e de não apreciação: “eu faço tudo por ele/ela, mas ele/ela não reconhece”, “ele/ela é muito egoísta porque não quer ir comigo à festa”, “não acredito que ele/ela não quer ir comigo à casa da minha mãe, eu sempre faço isso por ele/ela!”.

Quando nos sentimos dessa maneira, é porque as cobranças já se incorporaram ao nosso vocabulário emocional e comportamental, pois quem faz concessão automaticamente cobra. O cobrador é aquele que pede de volta aquilo que deu contra sua vontade. E o pior: a pessoa cobrada nem tem consciência dessa ‘dívida’. Afinal, fomos nós quem aceitamos fazer o que não queríamos, não é verdade?

Concessão nada tem a ver com flexibilidade, que fique bem claro. Podemos fazer pequenas acomodações para vivermos em harmonia com as pessoas, o que está longe de irmos contra a nossa essência. Sair para comer sushi, em vez de pizza que era o que você gostaria, não é concessão quando se aprecia as duas opções.

Portanto, é fundamental que estejamos bastante atentos às concessões. Ceder às exigências de conduta da sociedade só traz prejuízos a nós mesmos e aos que nos rodeiam. Viver em harmonia e com autenticidade tem a ver com assumirmos nossas vontades e necessidades. E isso não implica na mudança do outro, mas na coragem de assumir o que verdadeiramente somos, pensamos e queremos!


* Psicóloga clínica formada pela Universidade Federal de Pernambuco. Atende no espaço de tratamentos holísticos Pura Luz Yoga, utilizando como ferramentas auxilares os Florais Australianos, técnicas de respiração e da bioenergética.
email: analima.psi@gmail.com

sábado, 23 de abril de 2011

O que não sabemos pode nos ferir!

Por Ma Prem Zaki

As palavras não podem transmitir de modo preciso a angústia ou a dor que uma pessoa está experienciando. Nossas informações sobre conduta moral ou formas adequadas de comportamentos e escolhas não chegam, nem de perto, da forma certa de que um ser humano deve agir. Pois, a história de cada um é única, assim como sua dor e sua forma escolhida, aprendida e acreditada de auto-proteção.

Dentro de cada um de nós existe um registro muito pessoal de dor e uma forma singular de se proteger dela. Isso acontece de uma forma tão automática que muitas vezes não é percebido nem questionado por nós. É apenas uma reação. É que não sabemos o que está por trás desta dor, o que nos faz reagir, nem em que acreditamos. Simplesmente sentimos e reagimos.

Quanto mais não sabemos, mais estragos fazemos em nossas vidas, nas relações com as pessoas que amamos, nas nossas relações com o trabalho, enfim, em todas as nossas escolhas. E só iremos, de fato, nos perguntar o que está havendo quando o estrago tiver nos causado uma dor insuportável.

Quem somos? O que queremos? Por que queremos? Do que temos medo? Por que temos medo? Estes medos são meus de fato? Quais são as nossas crenças? Será que são elas que nos fazem seguir nos defendendo tanto? O que eu penso acreditar é de fato real? Quais são as minhas feridas?  Eu as curei? Eu as perdoei?

Se não sabemos estas respostas com segurança, nos ferimos porque não sabemos quem somos, o que queremos e porque queremos. Saber lidar com os medos sem precisar ferir ou fugir da vida, não é uma questão de filosofia ou palavras bonitas, é uma questão de vida!

Cada um de nós precisa encontrar e criar suas raízes. Este encontro é um processo natural que pode ser acessado pela consciência interna do corpo. O corpo tem esta sabedoria interna de cura. Somos nós que, pela comodidade, escolhemos ignorar este recurso inato e passamos a depender de relações afetivas doentias, falsas estabilidades financeiras, álcool, drogas, remédios, trabalho etc. Escolhemos aceitar essa solução sem perceber que estamos desistindo de partes importantes de nós mesmos.

Talvez nem percebamos que estamos fazendo essa escolha. Entrar em contato com nossas fragilidades, dores ou medo e nos permitir sentir ameaçados evoca nossos recursos mais profundos e nos permite experienciar nosso potencial mais pleno. Nossos traumas nos deram poucas oportunidades para usar essa capacidade. Porém, nossa sobrevivência plena depende cada vez mais dessa habilidade de pensar e sentir individualmente, em vez de responder física e automaticamente. Por toda esta comodidade, útil apenas para mascarar a nossa inadequação, medos, frustrações e solidão, a maioria de nós se distanciou de nosso ser instintivo e natural, mais especificamente daquela parte que chamamos de animal, intuitiva, ou seja, da nossa essência.

Encarar nossos desafios, portanto, faz com que permaneçamos saudáveis. Quando isso não acontece ou quando somos desafiados e não podemos triunfar, acabamos sem vitalidade e incapazes de nos engajar de modo pleno na vida.  Não falo de desafios do ego. Mas daqueles vindos dos nossos medos, solidões, inadequações e controles que nos colocam escravos dos outros e de todas as coisas que nos apresentam como boas e necessárias, às custas da nossa espontaneidade e alegria.


*Zaki é terapeuta holística do espaço Pura Luz Yoga.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Solidão

Por Elaine Lilli Fong


Alguma vez você já se sentiu só? Você já procurou entrar fundo nesse sentimento de solidão para perceber o que acontece?

No vocabulário de língua portuguesa a palavra "solidão" significa: estado de quem se sente ou está só.
A solidão é um estado interno, a princípio um sentimento de que algo ou alguém está faltando. Uma sensação de separatividade e desconexão com algo ainda inconsciente, sendo que numa visão espiritualista é a separação de Deus, Eu Superior, Self, Vida ou o Todo.

Atualmente, existem em algumas cidades muitas pessoas que já moram só e que apresentam um a vida bastante independente. Não podemos dizer que são pessoas solitárias, desde que elas se sintam em paz
 com essa situação. Entretanto, o que se mostra é que o sentimento de solidão pode estar presente em qualquer lugar ou situação. A pessoa pode sentir solidão durante uma festa com os amigos, no trabalho e até mesmo dentro de casa com a própria família.

Cada ser humano vem sozinho ao mundo, atravessa pela vida como uma pessoa separada e morre finalmente sozinho. As fases de passagem pela vida física e para além dela trazem muitas experiências, onde tudo é passageiro e impermanente. As situações, os encontros e os fatos da vida surgem, permanecem por algum tempo e se vão.

Portanto, procure refletir quando estiver sentido solidão. Com o que você ainda está resistindo no seu momento atual? Existe algo que precisa partir e você ainda não percebeu ou não aceitou essa possibilidade?

A idéia da separação e do estar só é apenas uma ilusão, pois nada se vai totalmente e nada está separado. Ficará sempre a lembrança no qual contém toda a experiência e vivência ocorrida o que é muito rico.

Perceber que você está se sentindo só é muito importante para o seu crescimento. Utilize desse sentimento como uma alavanca para assumir plenamente a sua vida, para agir a partir de si, fortalecer a sua base e seguir em frente, manifestando a sua própria força dentro dos seus objetivos.

Tenha a sua própria companhia, dê atenção, escute, e acolha aquilo que você é e manifesta. Seja o seu melhor amigo. A partir de então, você perceberá que a solidão deixará de existir naturalmente.


*Retirado do site www.institutouniao.com.br

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Auto-acolhimento

Por Bel Cesar


Não importa a razão: quando nos sentimos desajustados em nós mesmos, tornamo-nos reféns de nossa própria autocrítica. Muitas vezes, quando passamos alguma vergonha (seja por algum motivo relevante ou não) ficamos presos a um estado interno que nos coloca cada vez mais para baixo. O mesmo pode ocorrer quando somos agredidos ou simplesmente fomos mal atendidos. 

Quando o desconforto próprio ou alheio entra dentro de nós, só nos resta cuidar deste mal-estar. Se os outros (ou nós mesmos) nos tratam mal, ainda assim, podemos nos tratar bem! A alavanca para mudar este sistema é saber nos auto-acolher.

Auto-acolhimento é estar disponível para nós mesmos: abrir espaço interior para nos recebermos. Mas, se nossa linguagem interna soar hostil, não iremos querer nos auto-escutar. Naturalmente, se nos sentirmos desconfortáveis, vamos querer cair fora, mas para onde ir quando o mal-estar está instalado em nosso íntimo?

A primeira coisa a fazer é parar de nos colocar para baixo. Dizer a nós mesmos repetidas vezes: "Ok, isso de fato ocorreu, agora cabe a mim diluir esse impacto, escolho me auto-acolher". Quando agimos assim, acionamos nossa base interna de segurança, pois, passamos a estar disponíveis para nos receber ao invés de nos criticarmos ainda mais.

Auto-acolher-se não quer dizer ser condescendente com os próprios erros. Mas, sim, tratar a nós mesmos com gentileza à medida em que admitimos nossas falhas. 

Auto-acolher-se não quer dizer justificar nossa fraqueza como vítimas de consequências injustas. Mas, sim, dar a nós mesmos a chance de nos levantarmos assim que caímos. 

Quando pararmos de nos rejeitar, conseguiremos nos aproximar de nós mesmos a ponto de escutar nossas reais necessidades internas. A questão é que muitas vezes estamos tão sobrecarregados pela sensação de não nos sentirmos atendidos, que sequer conseguimos escutar nossos pedidos internos. Mas, à medida em que permanecemos ao nosso lado, mesmo que inconformados com o ocorrido, passamos a nos escutar.

Validar nossas necessidades é outra forma de nos auto-acolher. Depois que reconhecemos o direito de nos darmos algo, agora precisamos agir de modo coerente para recebê-lo. Se quisermos ser respeitados em nossos limites, precisaremos inicialmente ser sinceros para reconhecê-los. 

Por exemplo, muitas vezes dizemos sim, quando na realidade queríamos dizer não, simplesmente porque não levamos a sério nossos limites e necessidades. Isso ocorre porque não aprendemos a escutá-los. O medo de lidar com a decepção alheia é um reflexo da incapacidade de nos auto-acolhermos diante de nossos próprios limites!

Portanto, podemos sempre ampliar nossas possibilidades internas na medida em que nos mantivermos em contato com nossa base interior. Esta não é uma atitude egocentrada, na qual o outro não é levado em consideração. Mas simplesmente parte do processo diário do desenvolvimento interior. Sabermos nos respeitar é uma forma saudável de liberarmos o outro de nossas expectativas exageradas. 

Quando nos auto-acolhemos, podemos ser quem somos. Livres da pressão interna de corresponder a expectativas que ainda não estamos prontos para cumprir, podemos relaxar e gradualmente gerar novas forças para seguir adiante. Uma vez confortáveis com nossa base interior, podemos nos preparar para receber melhor o outro, seja em sua alegria ou desconforto...





*Retirado do site Somos Todos Um