domingo, 27 de fevereiro de 2011

Crise e Transformações

Todos nós estamos passando juntos pela mesma época e, portanto, pela escolha desta opção encarnatória. No decorrer destes tempos, como não poderia ser diferente (ainda bem), passamos por transformações...
Cada vez mais tenho tido a oportunidade de observar inúmeros pacientes que vêm ao meu consultório passando por um importante momento de suas jornadas, onde referenciais fortes que anteriormente davam sentido à identidade construída perdem drasticamente a força do significado e talvez o valor...

Muitas pessoas na nossa atualidade estão passando pelo que é chamado de crise existencial, ou seja, uma ruptura no sentido da vida.

Vivemos numa sociedade capitalista cada vez mais exigente. Em vários momentos nos sentimos pressionados, com metas difíceis de serem alcançadas. Vários são os motivos que podem contribuir para esse tipo de desorganização pessoal. Infelizmente a tendência é a de perceber somente tardiamente que ficamos cada vez mais distantes dos aspectos emocionais que dão sentido à vida.

Os sobressaltos do destino são inevitáveis: separação conjugal, insucesso intelectual ou profissional, perda de um ente querido, doenças, inabilidade para lidar com determinadas situações, auto-estima rebaixada.

Não existem regras para o desencadeamento de uma crise. Os acontecimentos determinantes na vida das pessoas que geraram este tipo de conflito são incontáveis. Porém, o interessante é notar que, sem exceção, todas as pessoas que buscam por auxílio nestes momentos estão muito perto de inaugurarem num novo espaço desconhecido dentro de si mesmas.

É durante esses preciosos momentos de transformação que fica evidente o quanto nós, humanos, somos sensíveis; já cheguei a observar que muitos dos que finalmente buscam por auxílio, viveram até então uma vida com toda a força e determinação - anteriormente tão explicitas - mas não entrando em contato com a delicadeza de suas almas.

Jamais perceberam sua própria sensibilidade ao ficarem - muito mais do que supunham - afetados emocionalmente por tudo o que passavam. A grande maioria caminha vestindo armaduras fortes, um dos padrões de nossa atualidade, e acaba por carregar muitos desses condicionamentos, sem ter ao menos consciência do quanto estes podem tê-la afetado de modo corrosivo.

É bem verdade que em determinados momentos a vida nos orienta para sermos duros, penso que seja ainda para proteger estes mesmos ideais e crenças. Mas, talvez, a grande maioria das pessoas perca a noção e esteja sendo dura demais consigo mesma ao não entrar em contato e validar, por exemplo, os seus "assuntos de alma", que certamente são os que dão sentido à vida, mas que por força do hábito acabam ficando mais e mais distantes de si mesma.
Na crise, o que aparece é a busca de perceber, validar e materializar todos estes assuntos, sendo que, pelo fato deles acabarem ficando muito distantes da percepção do eu, às vezes nos assustem, porque muitos deles não ficam totalmente claros.

A crise é isso aí! Um cair em si sem ainda saber quem se é de fato...

Um momento terrível e excelente de lucidez, onde se percebe que até então não se estava existindo... é uma ruptura com o que dava sentido na vida anterior, um acordar e uma repentina busca da consolidação do viver... 
É a sensação de que a morte pode chegar a qualquer momento e é justamente quando você questiona se esteve vivo até então ou se é neste preciso momento que vai decidir viver naquilo que realmente dá sentido à sua existência... Pode não parecer fácil, mas é muitíssimo mais fácil do que se saber morto em vida e não fazer nada para mudar.
Neste tipo de crise, todos temos uma grande oportunidade de validar em nós mesmos nossos conteúdos e muito mais, de modo totalmente individual, podendo usufruir a liberdade e o prazer de ser aquilo que realmente somos.


Silvia Malamud


*Retirado do site www.somostodosum.com.br


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mutantes

Somos as únicas criaturas na face da terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos. Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo modificadas por eles. Um surto de depressão pode arrasar seu sistema imunológico; apaixonar-se, ao contrário, pode fortificá-lo tremendamente.


A alegria e a realização nos mantém saudáveis e prolongam a vida. A recordação de uma situação estressante, que não passa de um fio de pensamento, libera o mesmo fluxo de hormônios destrutivos que o estresse. Quem está deprimido por causa da perda de um emprego projeta tristeza por toda parte no corpo – a produção de neurotransmissores por parte do cérebro reduz-se, o nível de hormônios baixa, o ciclo de sono é interrompido, os receptores neuropeptiídicos na superfície externa das células da pele tornam-se distorcidos, as plaquetas sanguíneas ficam mais viscosas e mais propensas a formar grumos e até suas lágrimas contêm traços químicos diferentes das lagrimas de alegria.

Todo este perfil bioquímico será drasticamente alterado quando a pessoa encontra uma nova posição. Isto reforça a grande necessidade de usar nossa consciência para criar os corpos que realmente desejamos.


A ansiedade por causa de um exame acaba passando, assim como a depressão por causa de um emprego perdido. O processo de envelhecimento, contudo, tem que ser combatido a cada dia. Shakespeare não estava sendo metafórico quando Próspero disse: "Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos."


Você quer saber como esta seu corpo hoje? Lembre-se do que pensou ontem.

Quer saber como estará seu corpo amanhã? Olhe seus pensamentos hoje!


Ou você abre seu coração, ou algum cardiologista o fará por você!


Deepak Chopra

*Texto extraído do livro Saúde Perfeita

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

De Jaipur a Rishikesh

Ontem fomos ver um palácio, o Palácio dos Elefantes. Uma construção milenar (não sei precisar o tempo), apesar de programas como esse não serem a minha, fiquei surpreso com a magnitude do Palácio, lagos, jardins, templo, salão de vidro... tudo muito grande e feito com detalhes incríveis. O momento mais emocionante de meu tempo em Jaipur acabou sendo nesse local. Terminei ficando sozinho num momento pra bater uma foto daqueles encantadores de cobras... aqueles mesmo que vemos nas imagens em filmes e tudo mais. Acabei pegando um caminho diferente de todos, pois havia muita gente subindo as escadarias do enorme palácio. Quando sozinho numa daquelas enormes rampas de pedra, me deparei com um grupo de elefantes descendo com seus guias. A tranquilidade que esses animais passam é inenarrável. Só se pode ouvir o ar que sai de suas trombas, a passada e lenta e silenciosa, calma... todos com o rosto (??) pintado com tintas naturais (como o boi, eles também são sagrados na Índia). Pode-se notar o respeito das pessoas com eles quando passam... literalmente passam reinando soberanos e, apesar de grandes, com uma aparente serenidade.

Fomos também ao Templo dos Macacos, devido ao forte sol (forte mesmo!), não encontramos uma grande quantidade deles, mas foi o suficiente pra interagir um pouco com mais um ser de importante representação na Índia.
 
Jaipur chama atenção pelos animais nas ruas... porcos selvagens que se incorporaram à paisagem e camelos (como disse antes) que fazem o serviço pra indianos menos favorecidos.

O último dia foi pra fazermos compras no bairro chamado PINK CITY. Um enorme aglomerado de pequenas lojas que vendem de tudo e um pouco mais. Impressionante a quantidade de mercadorias sendo negociadas. Jaipur é bem diferente de Rishkesh... mais um dia ali não dava pra aguentar!

Pegamos o trem de volta e, por um vacilo de escolha de trem, poderíamos ter feiot uma viagem melhor, mas tudo bem. Rishkesh mais uma vez! Retomar as práticas diárias e deixar a mente um pouco mais calma outra vez. O tempo está chuvoso, o Ganges corre forte, a umidade aumentou, mas o friozinho permanece. De volta aos mantras, cheiro de incenso, o barulho do rio que deixa o local com um movimento contínuo, a água corre seu curso em direção ao oceano e a vida aqui passa bem devagar e com toda simplicidade do mundo.

Abraço a todos!!

Hari Om!!!

Fred Santos

*Fred é professor de Yoga do Pura Luz e está na Índia em formação complementar.
  

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Jaipur, a cidade dos marajás

Após 2 dias dos mais  bonitos que pude ver em Rishkesh, finalizamos o curso. Deu pra "abrir" o corpo e ganhar um pouco de força. O curso de massagem também chegou ao final e eu e Zaki tivemos o  prazer de sermos tratados pelo patriarca de nosso amigo Baba, com quem fizemos o curso de massagem. Ele tem o conhecimento antigo da Ayurveda passado de pai pra filho, uma honra sem igual.
 
Resolvemos aproveitar a folga do fim de semana pra irmos à Jaipur, a cidade das pedras preciosas e dos marajás, dos elefantes e do templo dos macacos. Aliás, Jaipur é uma ciade de templos.

Saímos no fim da tarde de Rishikesh em um Rishikar junto com Maria, uma portuguesa gente fina que deu pilha a Zaki pra ir à Jaipur. Na estrada pra Haridwar, onde acontece o festival Kumba Mehla, macacos na beira da estrada nos olhavam nos olhos quando o tráfego parava. O frio começa a chegar.

A viagem acabou sendo um pouco cansativa por causa do frio e do nosso vagão que não foi dos mais luxuosos.

Jaipur tem um trânsito bem caótico, mas com a mesma harmonia de sempre. Muitos tecidos também... prata, camelos pela rua trabalhando como os burricos no Nordeste e elefantes que não tive ainda a oportunidade de ver. Dizem que quando uma manada atravessa a estrada e pára no meio da pista, as pessoas param, descem do carro e ficam tranquilamente esperando os gigantes saírem. Zaki contou que já viu isso uma vez... deve ser incrível! Ninguém pode molestar os elefantes nem mesmo tentar afastá-los da pista.
 
Vamos a alguns templos amanhã e fazer compras. Aqui tem muita coisa, muitas cores, aromas... às vezes um aroma indesejável, mas quem se importa?? O mais importante está em cada esquina, em cada detalhe, em cada animal livre pelas ruas em meio ao caos harmonioso dessa terra.

Até a proxima...

Abraço a todos.

Hari Om !!!!

Fred Santos.


*Fred é professor de Yoga do Pura Luz e está na Índia em formação complementar.
 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Relatos do professor de Yoga Fred

De Puna Pra Rishikesh


Após alguns dias em Puna, partimos de trem pra sagrada Rishikesh. A viagem não foi tão cansativa quanto eu esperava. Deitado você viaja bem por um bom tempo. Deu pra conhecer a Índia mais Humilde, nada diferente da maioria dos países de terceiro mundo da América Latina. Saímos da agitada, mas não menos interessante Puna para a calmaria de Rishikesh.

A atmosfera em Rishikesh é muito leve. Pode-se caminhar tranquilamente quase que a qualquer hora do dia e da noite. A Yoga está por toda parte. Pode-se escolher que tipo de curso ou prática você deseja fazer. Tem coisas lindas pra ver e comprar, comer ou simplesmente se satisfazer com um pôr do sol à beira do Ganges. Mantras estarão tocando em quase todo lugar que se vá. Pode-se dizer que Rishikesh é light. Um ótimo destino não só para yogues do mundo todo, mas para casais... é bem interessante. Você é apenas mais um no meio de tantas pessoas diferentes e isso te deixa uma sensação de estar em casa.

Estamos caminhando para o final de nossa estada aqui e você fica com uma estranha sensação de como se tivesse receio de ir embora pra não se arrepender depois de tão agradável que é Rishikesh.


Eu e Zaki estamos pensando em voltar pra Puna dia 19 desse mês. Poderemos passar por Jaipur antes, pois fica no caminho de New Delhi.


Nossa estada no Dayananda Ashram acaba depois de amanhã ao final do curso de Iyengar Yoga. Vamos para outra morada mais perto das práticas de yoga, digamos, mais roots. Mais próximas do tipo de prática feita pelos indianos. No Dayananda era um curso e isso é bem diferente de uma prática diária... sem tanto rigor e exigência de um estudo aprofundado do Yoga.

Mandaremos mais notícias pra galera do pura luz.

Grande abraço a todos.

Hari Om!!!!



Fred.




A Vida Num Ashram


Estou acordando às 5 da matina, ainda noite. Podem-se ouvir mantras ecoando pela pequena Rishikesh. Pelos microfones de algum lugar todo dia ouço um mantra cantado por uma voz de mulher, chego perto na sala de Yoga e, no templo bem ao lado, vários indianos cantam mantras repetidas vezes... centenas de vezes.

Ainda é noite quando pego um copo de Chai, um chá feito com o mais puro leite de vaca misturado com ervas e gengibre. Adoro. Tomo dois copos antes da aula que começa às 6h30min e vai até às 9 da manhã...Iyengar Yoga forte, focada no alinhamento e força. Da sala pode-se ver o Ganges correndo forte... corredeiras e muitas pedras.

Durante a aula quando o sol começa a sair as gralas (um tipo de corvo) começam a, lógico, gralhar. Tem muitos pássaros e podemos ouvir uma verdadeira sinfonia matinal, pois não tem música na prática. Não é necessário com tudo isso ao redor. Os mantras continuam por muito tempo...

Sinos tocam de maneira rítmica - teng teng teng, de tempo em tempo, inclusive às 3h30min da matina quando abro os olhos pela primeira vez. O único intervalo é logo após o almoço e às 3h30min da tarde recomeçam os estudos...sânscrito ou vídeos ou yoga sutras, mantras e tal. 

A prática das 5 da tarde acaba às 7h30min com meditação no final. Um cara com uma voz tipo Darth Vader vem conduzir... SHANTA... SHANTI......

Às 8h30min da noite, logo após o jantar, tem mais um estudo na sala apelidada de FREEZER... pense numa parada gelada! Depois só se tem uma coisa a fazer... ir pro quarto empurrado pelo frio que vai chegando e, então, você só tem a leitura e acaba dormindo pra conseguir levantar no outro dia. 

Tomo banho quente às 5 de la matina e tudo começa de novo.

Nos lugares que falei tem de tudo e de todo tipo de gente... das montanhas, vindos do deserto, maometanos,  habitantes do Himalaia com burricos pra subir a montanha, bois e vacas pequenas que nunca tinha visto, macacos que vemos na tv ficam junto a você, pois não são molestados. 

A cena que mais me chamou a atenção hoje foi a de um filhotinho de carroco (segunda vez que vejo isso). Pequeno mesmo, tipo um poodlezinho preto... mais ou menos dois meses. Eu ia entrando na casa que estou fazendo um curso de massagem (ainda tem isso!) e esperei pra ver, antes de entrar, preocupado com o cãozinho. Carros, Hicchar (aquelas motinha que tem no peru), bicicletas... e ele sozinho no meio da rua andando. Galera, todo mundo diminui! Buzina pra cacete, mas ninguém se atreve a nem encostar. Até que um homem, sorrindo, pegou ele e levou pra lateral da pista. O respeito deles com a vida e incrível! Por isso que o Ganges é repleto de pássaros, patos, mergulhões e ainda dá pra ver os peixes nadando.


A paisagem é bonita, mas as melhores fotos são as que apontam para o habitante dessa terra... as cores, a enorme quantidade de gente e tudo mais. E você não vê ninguém tomando um gole de álcool, mesmo os mais pobres... mendigos. Você também não vai se sentir ameaçado em momento algum. Isso deve ser cultural. Penso como estamos no caminho errado no Brasil. Errado aquele que pensa: se os políticos no Brasil roubam, o povo quer roubar. Aqui os políticos são tão corruptos quanto no Brasil, mas o povo aqui tem um tipo de honra... incrível!



O Ganges às vezes me faz lembrar o barulho do mar... no problem!



Como se diz aqui com um sorriso no rosto...


Namastê.



Mando novas.

Fred.


*Fred é professor de Yoga do Pura Luz e está na Índia em formação complementar.



Pudim


Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir Pudim de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente um pedacinho minúsculo do meu pudim preferido.  Um só.

Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um pudim bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.

O PUDIM é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca,de aventuras pela metade. A gente sai pra jantar, mas come pouco.Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.

Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').

Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.

Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.

Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar.
E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...

Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão... 
Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.

Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
 
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.
Recusar prazeres incompletos e meias porções.
 
Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim:
'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'...

Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar vários pedaços de pudim, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado. 
Um dia a gente cria juízo.
Um dia.
Não tem que ser agora.
 
Por isso, garçom, por favor, me traga: um pudim inteiro um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK? Não necessariamente nessa ordem.
 
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . . . 



Martha Medeiros

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Simplificando a Vida

Recentemente escrevi um texto adaptado dos ensinamentos do Osho, intitulado Quem é você realmente? Ele mexeu demais com as pessoas e, recebi inúmeras mensagens e depoimentos de agradecimento. Este foi o objetivo: colocar luz onde já não é possível compactuar com o insano.

Simplificar a vida é exatamente isto: Colocar atenção e luz onde estamos automatizados, invertendo nossos valores internos, por modelos que jamais foram compatíveis com a nossa felicidade.

Simplificar é isto: aumentar a consciência de quem verdadeiramente somos para então fortalecer o movimento na direção da paz interna.

Condicionamentos e modelos são sinônimos de sofrimento. Dentro dos condicionamentos não podemos Ser um indivíduo, mas uma peça conveniente para a sociedade. E, quando não temos espaço para Ser um indivíduo, torna-se inevitável o sofrimento. A alma sofre, o espírito também.

Consciência é sinônimo de paz. Daquela felicidade que vem sem motivo ou razão, vem lá de dentro. Vem da nossa parte que é indivíduo, essencial, simples. A consciência traz a necessidade de vivenciar o Agora, o único tempo real, alinhado com o verdadeiro Eu. Sentindo o peito, sentindo o coração pulsar.

Quando pensamos muito não estamos sentindo. Estamos no passado ou no futuro, na ilusão, no sofrimento. O único momento que temos para sentir (amar) é quando conscientes da qualidade do nosso Agora. No passado ou no futuro não sentimos ou amamos, somente sofremos.

A resposta que a simples leitura deste texto deu, revela o quanto os modelos e condicionamentos impostos pela sociedade, família e cultura, já não cegam mais a nossa realidade interna e potencial de liberdade com responsabilidade.

Mas muitas pessoas me perguntaram: Como sair dos condicionamentos?

Meditando. Buscando estar presente e observando o farfalhar dos pensamentos e sofrimentos. Buscando viver e sentir somente o Agora. Deixar sair sua vida do passado e futuro, sair da mente. Observe seus pensamentos, Observe o tanto de sofrimento que existe neles. Não se identifique com este sofrimento, apenas observe-o. Sinta-o no coração. Não o julgue, não o critique, apenas observe e perceba que cada pensamento/sofrimento vem de modelos e condicionamentos que você comprou algum dia. Tudo falso. Não é você.

A todo momento: Sentir significa estar no seu corpo. Observe (sinta) seu andar, sua expressão facial, sua respiração, seus odores, seu ar. Não é poesia não. Fico observando as pessoas caminhando na rua e percebo cada coisa. Se as pessoas estivessem sendo filmadas! Que deprimente! Andar acelerado, tronco projetado para a frente num desequilíbrio impressionante, faces amargas, raivosas, fechadas. Desarrumadas, desajeitadas. Para quem está observando fica entre o hilário e o trágico.

Um outro recurso que recomendo para lembrar de sair dos condicionamentos, ou seja, do sono, é despertar através de um ícone. Algo que nos desperte, como um Pac Man no espelho do banheiro ou do carro, na capa da agenda. Faça uma seleção de músicas que te lembrem do bom humor e alegria de viver. Chamo de fita paulada na moleira. Curto muito as músicas dos Tribalistas e aquela Eu me amo do Ultraje a rigor. Tenha uma fita (ou CD) no carro, outra no trabalho e uma terceira em casa. Enfim, crie seus ícones, seus despertadores.

Volto ao tema pedindo atenção para o absurdo nível de exigência que colocamos em nossa vida. Nos achando Deuses, colocamos metas (carregadas daqueles modelos e condicionamentos acima referidos) e queremos que absolutamente tudo dê certo. Nossa mente exige que as peças criadas pelos modelos se encaixem perfeitamente. Mas as peças são falsas, como exigir perfeição em algo falso?

O momento é oportuno para pedir que assistam ao filme A encantadora de baleias. Prestem atenção à figura absurda que é o avô, com modelos e exigências insanas. E como a menina, torturada por tudo isso, massacrada, marginalizada, ainda pensa que é culpada por algo.

Insano, ele sofre, todos os filhos sofrem, a comunidade inteira é alienada. As únicas conscientes, por coincidência figuras femininas, são a avó e a neta. Não deixem de assistir. E mais que isso, sintam, vivenciem e percebam como os modelos são destrutivos.

E nós, enquanto insanos e despreparados, inconscientes do valor que é vivenciar a qualidade do Agora, os nossos valores reais, por aborrecimentos mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de mau humor e sofrimento. Confirmamos a nossa distância da realidade. A distância de nós mesmos.

Como sair dos condicionamentos?

Meditar! Desacelerar é fundamental para percebermos os nossos repetitivos enganos. Não estou falando de não ação, mas de colocar atenção na qualidade de cada ação. Da sanidade de cada ação. Da meditação. Da ação presente.

Um exemplo: Alguém estacionou o carro muito encostado ao seu na vaga do shopping. O que você faz?
Entra pela outra porta, liga o rádio e sai cantando para tratar da sua vida ou, você fica irado e estraga os próximos minutos do seu dia?
Por que será que tem gente que parece estar sempre dando tudo certo? Será que nada dá errado para estas pessoas?
Dá aos montes. Só que, para elas, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor diferença. Com certeza não é o mais cômodo, mas é rapidamente solúvel.
E como esse, muitos dos problemas podem ser resolvidos assim, rapidinho, antes de virarem problemões. Basta uma gargalhada, um olhar-se no espelho, um silêncio com respiração profunda, um telefonema, um e-mail, um pedido de desculpas, um deixar barato.

Mas, existem pessoas que são o complexo de perseguição. Acham-se a prioridade da atenção do mundo. São aquelas que nunca ouviram falar de bom humor, flexibilidade, adaptabilidade, versatilidade, crescer, transformar, aprender, alegria de viver. Fincam o pé, compram briga e não deixam barato. O mundo versus elas. Emburrecidas, não conseguem enxergar o cerne da questão.

Vinte e quatro horas é pouco para tudo o que temos que fazer, então por que perder tempo com questões que não podemos resolver ou mudar? Nesta sintonia, sempre acontecem situações irritantes e pilhas de pessoas que vão atrasar nosso dia.

Nestes momentos, desidentifique-se da massa, dos modelos tipo tenho que ser respeitado, tudo tem que ser perfeito e use a porta do lado e vá tratar do que é importante de fato. É inteligente afastar-se destas situações. Não dar alimento para elas. Descondicione-se.

Aliás, muitas pessoas pensam que não podem despertar mais cedo e meditar por uns 30 ou 60 minutos. Ou que não têm 30 minutos a perder com meditação. ERRADO!

Perde-se 30 minutos aqui e ganha-se um dia inteiro de brinde. Aliás, quanto mais vivemos o Agora mais o tempo rende.

Vejam quanto engano:
1) Meditar antes de sair de casa traz uma sintonia de harmonia com a realidade (interna e externa) que atrai somente situações com esta mesma vibração.
2) Meditar traz uma consciência cada vez maior da qualidade do “Agora”, portanto cabe sempre a pergunta: quanto cada coisa que faço me nutre, me faz crescer, me faz sentir vitorioso? Se não faz eu percebo e não me engano. Crio situações para mudanças.
3) Meditar traz uma qualidade de alerta para os nossos pensamentos e atitudes, que chamo de Tempo Divino.
4) Meditar nos torna mais inteligentes e criativos.

Fecho este texto com uma frase típica de minha avó: “Quem faz uma vez e não faz bem, 3 vezes vai e 3 vezes vem”.
Quem faz bem, está em meditação e conquista a qualidade e os benefícios do “Agora”, portanto a alegria de viver e tempo divino.
Quem não faz bem, não está em meditação, 3 vezes irá e 3 vezes voltará. O seu tempo fica desperdiçado com justificativas, ataques e o mau humor de ter que ir e voltar 3 vezes.

Recomendo: Assistir o filme “A encantadora de baleias” e ler o livro “O poder do Agora” (Eckrart Tolle - Ed. Sextante).

Com carinho,

Conceição Trucom.



*Retirado do site www.somostodosum.com.br